O
GARIMPEIRO
UMA HISTÓRIA REAL
VOLUME II
ÍNDICE
Prefácio - ... ...............................................................
Pag.
Parte
I - O inicio nas esmeraldas...............................
Pag.
Parte
II - O garimpo de esmeraldas..............................
Pag.
Parte
III - A diplomação de comprador de esmeraldas....Pag.
Parte
IV - A viagem a Campo Formoso – BA...........….. Pag.
Parte
V - A Primeira viagem independente.....................
Pag.
Parte
VI - Nova
sociedade, novo fracasso....................... Pag.
Parte
VII - O fim da LAPIDAÇÃO LANES & LANES... Pag.
Prefácio
Ao iniciarmos o primeiro volume deste livro
intitulado O GARIMPEIRO – Umas Histórias Reais, não tinham noção de que o mesmo
teria 25.091 palavras as quais relatam na integra a nossa façanha de iniciante
na profissão de garimpeiro.
È certo que alguns fatos foram omitidos,
alguns por não serem relevantes à história e outros por puro esquecimento.
Gostaria de relembrar aos amigos
leitores que está é realmente uma história real, pois os fatos aqui mencionados
e em todos os (3) três volumes foram vividos por mim, por amigos, cuja
recordação nos dá saudades dos tempos pesados, amigos que se foram e os que
estão presente e em nossa memória!
Foram e são muitos os amigos que fizemos
durante as grandes empreitadas por nós realizadas.
Espero que os que lerem estes livros e
ver os seus nomes aqui redigidos, não se aborreçam comigo por não ter colocado
nomes fictícios, mas nomes verdadeiros, o que me dão
orgulho em mencioná-los nestes livros.
Sinto-me orgulhoso de ter tido muitos
amigos e companheiro de grandes aventuras no ramo de garimpagem como na compra
e venda de pedras preciosas, os quais perduram até o presente momento.
Celso Lanes
Parte I
O Inicio nas esmeraldas
Como vocês já leram no primeiro volume eu
já estava bem iniciado na profissão de garimpeiro.
Um
pouco limitado no conhecimento de pedras preciosas, o que ninguém conhece todos
os minerais que DEUS fez debaixo da
terra.
Creio eu, que nem mesmo um geólogo: (geologia
ciência que tem por objetivo a descrição dos materiais que constituem o globo
terrestre) poderia dizer que conhecem todas.
Certo dia estando eu em minha lapidação
apareceu uma pessoa que transformou ainda mais aminha aptidão sobre pedras preciosas.
Está pessoa era extraordinária. Digo
era, pois ele já faleceu; essa pessoa era o meu amigo Haroldo Rescoviks.
Em poucas conversa nos tornamos amigo,
ele precisava lapidar umas esmeralda (esmeralda-pedra preciosa de uma bela cor que vai do verde alface até um verde escuro
e aveludado, composta de silicato de alumínio e de berilo, que é encontrada nos pegmatitos).
A esmeralda é o mais belo dos
berilos (silicato natural de alumínio e de berilo, em cristal
hexagonal em uma classificação de preciosas e semipreciosas, este nome designa as variedades incolor,
rósea (Morganita), amarelo (Eliodoro) e azul-celeste (Água Marinha); a
esmeralda é uma das variedades verde, particularmente valorizada).
A nossa conversa girou em torno desta pedra,
e como eu faria para iniciar o conhecimento da mesma uma vez que eu estava no
comercio e tendo a lapidação, nada melhor que procurar conhecer outras pedras,
pois até o presente momento só tinha conhecimento da Ametista.
A melhor forma de conhecer algo e ir a
fonte dos mesmos, no caso em especifico o garimpo.
-Haroldo! Como faça para ir ao garimpo
de esmeralda e aprender a conhecê-la?
A sua resposta a minha indagação foi irrecusável,
pois ele propôs me levar com ele e ainda faria as despesas de viagem no período
de meu aprendizado até que eu assimilasse o conhecimento da pedra e do garimpo em si.
Dois dias após esta conversa deixei a
lapidação a cargo de minha esposa e no controle de um dos lapidários partimos
para o garimpo.
Tudo resolvido; iniciamos a nossa
jornada com destino a Santa Terezinha de Goiás (ou melhor, eu iniciei), pois
para ele já era o caminho da roça (como diz o bom mineiro).
Embarcamos em seu Fiat 147, veiculo da
época que somente pessoas de posse possuíam (o carro do ano).
A cidade de Santa Terezinha de Goiás
fica a 1470 quilômetros de Governador Valadares-MG.
Saímos às 04h00m da manhã de uma
segunda-feira.
Percorremos uma distancia de 595 quilômetros
até a cidade de Três Maria onde está a Usina Hidrelétrica no rio São Francisco;
ali paramos para almoçar (confira detalhes no Volume I).
O local onde paramos é um restaurante à
beira do rio, local aprazível e que oferece aos clientes peixes frescos
pescados ali mesmo.
Almoçamos peixe grelhado com arroz
branco e purê de batata e salada de tomate, pimentão, cebola e alface, regado a
coca-cola, e eles (pois tinha outra pessoa conosco) cerveja.
A viagem foi muito tranqüila, e eu
aproveitava para ler as Escrituras Sagradas e ouvir o Haroldo dizer que DEUS
não existia (isto nas viagens posterior) e afirmava que ele era ateu.
Percorremos mais uns 600 quilômetros e
paramos em um posto de gasolina na cidade de Jaraguá onde tem uma pousada muito
boa e uma churrascaria onde ele sempre parava.
A churrascaria era ótima e nos serviu um
churrasco de dois pelo (dois pelo - um lado carne e a outra gordura temperada
com sal grosso, uma delicia).
Após este laudo jantar e fomos dormir
para retornar a viagem no outro dia até
Santa Terezinha.
Como já tínhamos hospedado e tomado
banho antes do jantar, dormimos até as 05h00m da manhã.
Levantamos
fizemos a higiene matinal, e eu fiz o culto domestico depois fomos tomar café.
Após o café saímos em direção à cidade
de Hídrolina, ultima etapa de asfalto.
Iniciamos o restante da viagem por
estrada de terra (sem pavimentação) com muitas pedras (cascalho) na estrada.
Após esta ultima etapa 265 quilômetros chegamos ao nosso destino ainda bem cedo, e
logo percebi que o movimento era enorme para uma cidade de duas ruas apenas.
Saímos da rua principal e entramos em
uma rua sem calcamento e paramos em frente a uma casa simples.
O pedido do Haroldo abriu o portão e
entramos no quintal e ele estacionou o carro embaixo de um pé de manga.
Desembarcamos do carro e fomos cercados
por (5) cinco meninas pequenas (eram as filhas do casal que toma conta da
casa).
A senhora chamava-se IRACI e seu
marido MARIANO.
Às pequenas tinham entre 2 a 6 anos,
sempre risonhas se achegaram ao Haroldo que as recebeu com um pacote de balas
que tinha comprado na churrascaria aonde tomamos o café da manhã.
Iraci era uma pessoa muito trabalhadora
como pude comprovar nos anos de convivência que tivemos nas minhas idas e
vindas nas compras de pedras em Santa Terezinha do Goiás.
A casa estava sempre muito limpa e as
meninas nem se fala, com os cabelinhos sempre penteados e roupinhas simples,
mas limpas.
A casa era de propriedade do Haroldo e
outros valadarenses que compravam pedras
em Santa Terezinha.
Fui apresentado ao casal os quais muito
simpáticos e receptíveis como pude comprovar aos longos dos anos.
A casa era um ponto de apoio, dormitório
e refeições, café pela manhã, almoço e jantar (todos os alimentos era comprado
pelas pessoas que ali ficavam) alem do pagamento ao Mariano para tomar conta da
casa.
No dia seguinte comecei o meu
aprendizado, pois logo de manhã começarão a chegar os vendedores com os lotes
de pedras (expressão usada para definir uma quantidade de pedras).
O Haroldo assentado em uma cadeira tendo
a sua frente uma mesa com o tampo branco.
Despejava as pedras e examinava uma por
uma em uma lâmpada para verificar os defeitos internos que as pedras
possivelmente possuem (trincas, talco e carvão muito comum em esmeraldas).
Examinava o lote pesava retirava o que
lhe servia e perguntava o preço.
Ai começava a negociação, o pedido e a
oferta até chegarem a um consenso ou devolvia as pedras ao seu dono, e iniciava
o exame de outras.
Muitas das vezes passávamos o dia
inteiro (até as 3 horas da tarde) examinando separando comprando e pagando.
Eu, como precisava aprender não me
furtava a perguntar qual a melhor pedra; qual a melhor cor, tamanho e possíveis defeitos. O Haroldo com
uma calma, de pessoa que se interessa pelo bem estar de outra (neste caso eu) explicava,
mostrava, me mandava pegar uma pedra e examinar na lâmpada e ver o que via em
seu interior.
-Celso, o segredo da pedra é saber se
tem carvão e talco, as trinca nos conseguimos fazer desaparecer com o
tratamento. Quanto à cor a
melhor é ter um verde muito forte, com muito, (Cromo – Símbolo de cor de número atômico 24,
peso atômico 52,O1: metálico duro cujas combinações são notáveis por bela coloração, portanto
quanto mais cromo mais pesada é a pedra).
A esmeralda com uma cor acentuada pesa
mais e é mais valorizada, porem existem cores mais suaves que são consideradas
boas (verde claro, verde alface).
Em outras ocasiões nos saiamos à rua em
busca de uma ou mais pedra (que muitas das vezes era disputada em oferta
particular por compradores; os quais não eram pouco em Santa Terezinha).
Comprava que oferecesse o melhor preço.
Esta primeira experiência transcorreu em
um período de 4 dias, quando o Haroldo disse que já encerrara a compra, isto é
já tinha comprado o suficiente para ter um lucro muito bom.
Arrumamos nossa bagagem nos despedimos
da Iraci, Mariano e das meninas e voltamos a Governador Valadares.
A viagem transcorria bem até que outro
carro nos ultrapassou e lanço uma pedra no vidro do Fiat, e este se fez em mil
pedaços.
Paramos para e limpar nossa roupa e o
interior do carro para prosseguir até a cidade de Rialmas onde colocamos outro
vidro.
Saímos de Santa Terezinha em uma quinta-feira as 5h00m da manhã e chegamos chegando a Valadares
as 22h00m mais ou menos do mesmo dia.
No dia seguinte fui até a casa do Haroldo
para ver como proceder à formação da pedra (forma – dar a forma desejada aproveitando ao
Maximo os contornos natura da pedra, afim de não perder muito no peso e
tamanho).
A não ser quando você deseja uma forma
definida como: retangular, oval, gota para
forma um pingente e antique forma retangular porem arredondada as pontas.
Ao chegar o cumprimentei; e ele me
apresentou à sua esposa Neuza Rescoviks pessoa muito simpática e educada.
O Haroldo era um exímio formador,
aproveitava ao maximo uma pedra, primeiro que ele sabia o preço que comprou e
depois devia valorizar seu trabalho para agradar ao cliente e levá-lo a pagar o preço que ele queria na
pedra após ser formada, lapidada e tratada.
Vejamos como se procede para ter uma
gema extra, na cor que já esta nela e o peso (cromo) conforme a forma desejada.
1º--Serrar
a pedra se for necessário retirando as impurezas externas.
2º--A forma (aproveitamento da pedra e como
ficará para ser engastada no ouro).
3º--O
corte das facetas a fim de dar luminosidade ao interior da pedra e brilho em
sua superfície.
4º--Tratamento
– consiste em colocar a pedra em certa substancia (acido) para retirar à impureza
indesejada.
5º--
Após retirá-la do acido lavar com bicarbonato de sódio.
6º--
Secá-la com uma toalha e colocar em um produto oleaginoso (ópticon) e levar a
uma temperatura para que este produto penetre nas trinca e após esfriar
permanecera nela tapando assim as trincas ( defeito).
Para mim tudo isto erra novidades, pois
a ametista e outras pedras que eu já tinha conhecimento até mesmo lapidado, não
tinham necessidade de tratamento como a esmeralda.
Depois de todos estes cuidados e
melhoramento da pedra bruta para a lapidada (pedra bruta para uma gema),
iniciava-se a classificação por cor, e muitas das vezes por tamanho (as pedras
maiores com mais peso (cromo) alcança melhor preço no mercado.
Parte II
O garimpo de Esmeraldas
Tinha se passado uma semana da minha
primeira ida a Santa Terezinha de Goiás, este foi o prazo do preparo e das
vendas das pedras.
Em um sábado o Haroldo me disse que
voltaríamos na segunda-feira, e assim o fizemos.
Retornando a Goiás e como da outra vez chegamos
e fomos cercados pelas meninas, porem, desta feita levamos não somente balas,
mas, biscoito e mais algumas guloseimas para elas.
Isto causou um verdadeiro alvoroço por
parte delas (apesar de que em casa ter sempre biscoitos e outros alimentos,
mas, crianças querem é novidade, e, assim era em toda a nossa chegada).
Chegamos e descarregamos a bagagem e
logo começaram a aparecer os vendedores, pois como conhecia o carro, e ao velo
sabia que estava chegando um comprador forte, o Haroldo.
Só que desta vez o Haroldo estava
examinando com mais cautela, pedra por pedra, acredito eu que era para chamar a
minha atenção, pois eu estava bem junto a ele observando sua atitude.
Ele examinou o lote todo, mas não
separou nenhuma pedra como de costume, a fim de avaliar o lote ou comprar
algumas em separado.
Neste negocio vale muito a compra, se
ela for boa a venda vai ser excelente, ainda que a pedra seja um pouco fraca na
cor ou tenha defeitos após o tratamento ele tem uma melhora considerável proporcionando
assim uma boa venda.
A negociação é muito importante para
quem compra como para quem vende a pedra.
O garimpeiro a extrai no coração da
terra (e eu pude comprovar
isto, na vertical uns 60 metros e na horizontal uma verdadeira cidade com gente
por toda a parte).
Enquanto uns furava a rocha com maquinas apropriadas um martelo, (compressor de ar para fazer
funcionar o martelo que batendo em ritmo acelerado vai perfurando a rocha
produzindo um orifício redondo onde se colocará o explosivo, dinamite com
espoleta de nitro glicerina que ao ser submetido ao fogo provoca a explosão)
outro preparava os explosivos.
Este trabalho exige segurança,
profissionalismo e conhecimento do instrumento a ser maneja, o martelo pesa em
media 18 a 30 quilos e com a vibração para perfurar a rocha pode se disser que
ele ultrapassa a casa de 50 quilos moveis, qualquer distração ele poderá soltar
e causar sérios riscos a que o maneje.
Após o furo ser feito (que geralmente são vários) vem à parte mais
delicada que é colocar o explosivo.
A dinamite com a espoleta de
nitroglicerina.
Hoje os riscos são menores, não menos
perigoso, pois se utiliza o cordel detonante que e introduzido na espoleta e
depois introduzido no furo.
Em seguida preenche o furo com nitrato (nitrato
– é um fertilizante feito de sal, de acido nítrico, sal de sódio, de potássio,
de cálcio de amônia) e o fertilizante utilizado em plantações que após ser
prepara torna-se um explosivo potente.
Pode ser socado bem para produzir uma compactação
no furo para que haja eficiência na explosão.
O
certo e ter um especialista, um BLASTER mais conhecido como CABO DE FOGO que da na mesma; estes sim estão qualificados
no manejo de explosivos (eu possuo este titulo e tenho a licença para exercer
esta profissão como vocês podem conferir no primeiro volume).
O pessoal que trabalha nos túneis ou
catas é chamado de garimpeiro (procuram pedras preciosas e sem preciosas e
outros minerais) os que procuram
diamantes e ouro apesar de trabalharem
também no garimpo são chamados de faiscadores, pois trabalham com
bateias.
A etapa do garimpo inicia com a abertura de túnel, cata ou rola, no caso
do garimpo de Santa Terezinha entrava através de uma chaminé (cata) buraco na
vertical até alcançar o túnel na horizontal.
O garimpeiro perfurava a rocha dava o
fogo e recolhia o material explodido (feldspato – nome dado a muitos minerais
ou rocha, das rochas eruptivas) onde se encontrava a esmeralda e o xisto
(xisto - mineral de estrutura laminosa e
frágil, formado por diversos óxidos metálico, sílica e argila).
Após a explosão inicia-se a remoção
deste material que são levados à
superfície e vendido aos atravessadores na quantidade que desejarem (carrinho
de mão, caçamba de caminhão ou outra medida que valha).
Esta pessoa compra o material e paga
alguém para lavar, retirando a impureza na água até aparecerá às pedras as
quais são separadas para serem vendidas.
Muitas das vezes a pessoa que compra não
espera a apuração de todo o material comprado, pois aparece uma pedra maior que
lhe ira rende um bom dinheiro ele a apanha e deixa para o lavador o restante,
uma forma de todos ganharem.
Podemos exemplificar o valor da compra
de um carrinho de mão de feldspato; um carrinho Cr$100.000,00 (cem mil cruzeiros), uma pedra
de 3 gramas com bom cromo era vendida em torno de Cr$1.500.000,00 (um milhão e
quinhentos mil cruzeiros) ou até mais dependendo da pureza da gema.
Voltando para a cidade (pois o amontoado
de casebres é imenso).
Em
Santa Terezinha as casa era todas de alvenaria
e o povoado denominado de GARIMPO era composto de casebre de pau-a-pique coberto
por lonas onde moravam os homens com suas respectivas família ( sua família ??).
O dinheiro corria solto, você via encostar
carro do ano até sem a placa de tão novo.
Tinha outros valores, pois havia lojas
de todos os tamanhos com roupas, calcados, perfumes; armazém de secos e
molhados, açougue com suas carne de sol e carne fresca à gosto do freguês , relojoaria,
churrascaria, bar a vontade, farmácia, posto de saúde e até banco, o conjunto
da cidade de Santa Terezinha e o povoado era de fazer inveja a qualquer cidade
maior.
Comprava e vendia de tudo neste
(supermercados) pneus, câmara de ar, ferramentas, peças para bicicletas e
carros, inchadas, picareta, maretas, ponteiros,
peneiras, pólvora, espoleta, laço, areio para animais, arame, corda, em fim
tudo que se possa negociar.
A predominância de pessoas na cidade e
garimpo era de maioria Baiana, todos
portavam armas, revolveres, facas e outros.
O que eu ache importante era o respeito
mutuo que se tinha entre estas pessoas.
Você não precisava se preocupar com os
seus valores (até mesmo poderia deixar uma bolsa repleta de dinheiro em cima de
um balcão ou mesa e se afastar para compra as pedras que ninguém tocava a mão).
Outra coisa importante e que não havia
briga, rixas eu nunca presenciei.
Existia um código de honra entre eles
(pessoas que gostasse do alheio era
sumariamente punidos) e não permanecia na região de garimpo.
Tinha em certo local uma feira muito
interessante “A FEIRA DO RATO”, trava-se de bancas coberta com prático como uma feira de legumes e verdura.
Mas, o que se vendia era a sobra da
esmeralda, ou seja, as pedras de menor valor comercial (a sieba como era
chamada, resto, sobra) que era disputada muitas vezes aos gritos, pois tinha
valor comercial para quem fizesse pedras
milimetradas para crava em meia aliança ou anéis pequenos..
Tanto na cidade como no garimpo o que
não faltava era a musica, forro, xote, xaxado, lambada, em fim, todo tipos de
musicas nordestina.
Bebida era vendida em todos os bares e
botecos regando o churrasco com farinha de mandioca, tapioca e cuscuz.
A noite tinha o arrastam pés, que
amanhecia o dia, a cidade e o povoado
parecia um formigueiro de tanta gente.
Um dia por diversão e também por curiosidade
tentamos contar os carros estacionados ao longo da (avenida) uma rua que inicia
no principio da cidade e ia ate o final em linha reta.
Tinha uma extensão de mais de 300 metros
de comprimento.
Contamos aproximadamente dos quatro
lados, pois tinha um canteiro no meio da rua, uns 240 carros todos
novinhos alguns ate sem placa isto sem
contar os das garagens e pátios e quintais.
Mas voltando as compras na cidade como
já havia dito o Haroldo não separava as pedras que examinava como era o seu costume,
examinava todo o lote e falava para mim:
-Celso, assente aqui em meu lugar e
examine este lote e retire a mercadoria que serve para nós lapidarmos.
Eu, imediatamente assentava e começa a
examinar pedra por pedra sobre o olhar atento do vendedor.
O Haroldo, porem ficava afastado ou
olhando outro lote com outro vendedor.
Quando eu terminava falava com ele:
- Haroldo! Terminei de separar.
Ele vinha assentava ao meu lado e
começava a olhar as pedras que eu tinha separado, e ia separando em dois lotes,
depois olhava o que restava e separava mais algumas pedras e perguntava:
-Porque você não separou esta pedra? Você
acha que ele não serve ou ficou em duvida?
Era complicada a resposta, mas eu
precisava aprender e dizia.
-Eu acho que ela tem muito carvão, e não
serve para lapidar.
Depois de examinar o que eu tinha
separado e separado em outro lote algumas pedras dizia:
-Estas pedras não são boas para nos,
pois trabalhamos com o melhor para lapidação, e estas outras não servem, pois
tem muito talco e carvão.
Eu apenas ouvia as explicações e via que
realmente havia errado na escolha de algumas pedras, mas não dizia nada, eu
estava aprendendo com o professor como retrucar o que não tinha certeza.
Após toda esta aula ele separa as
melhores e perguntava ao vendedor qual erra o preço, e ai começava a negociação
da qual eu não perdia nenhum lance.
Assim fui familiarizando com os
vendedores e conhecendo sua forma de pedir o preço de certo tipo de pedra,
Muita das vezes de uma única pedra em
separado o que era muito comum (uma pedra especial, cor, tamanho, pureza,
poucos defeitos etc.).
Além
de avaliar o preço das pedras que o Haroldo comprava e pagava bem.
Apanhava uma pedra, pesa, calculava o
peso em quilates (o peso em quilates é de 1/5 de uma grama).
O calculo era se pós ser serrada,
formada, lapidada e tratada valeria pagar o preço pedido ou negociar até chegar
a um valor que dava para ganha e muito; diga-se de passagem.
Em um período de 9 meses ele procedeu
desta forma, pois nos íamos a Santa Terezinha de 2 até 3 vezes por mês.
Nos dois primeiro meses eu não me
arriscava nem, mesmo falar preço de qualquer pedra ou lote, mas após este tempo
resolvi comprar algo, eu tinha disponível uma importância da venda da
lanchonete, não era muito, mas dava para comprar uma pedra pequena.
Certo dia um dos donos da casa onde nós estávamos
me mostrou uma pequena pedra, eu a examinei e perguntei o seu preço.
-João, quanto você quer por ele?
Então o João me disse que era para mim
ele faria um preço bom para eu animar a comprar mais (pois ele estava sempre
conosco e via minha insegurança ).
-Celso, esta pedra vale no mínimo uns
Cr$500.000,00 (quinhentos mil cruzeiros), mas para você animar e começar a
compra eu vou vendê-la por Cr$180.000,00 (cento e oitenta mil cruzeiros).
A minha reação foi imediatamente
consultar meu professor, o Haroldo, o qual permaneceu calado somente observando
a minha reação e possível compra.
Com o seu silencio perguntei.
-Haroldo você acha que vale este preço?
Ele apanhou a pedra e a examinou na lâmpada
e em seguida me devolveu com o seguinte comentário:
-Você tem que saber o que esta comprando! E se ela poderá valer mais
do que você vai pagar. Você tem que imagina que ela vai passar por um processo
longo até a cartolina.
Eu fiquei ‘sem chão, ’ pois eu esperava
uma resposta positiva, ‘pode compra’ ‘ele e boa’ ‘vai dar lucro’ e
não ‘ você deve saber o que esta comprando. ’
Então resolvi comprar, pois acreditei
que seria um bom investimento (e foi, graças a DEUS).
Daí a dois dias o Haroldo encerrou as
compras e voltamos a Valadares.
Ao voltarmos eu estava muito ansioso fui
logo formando à pedra.
Como
eu já tinha visto o que o Haroldo fazia neste caso, formei como era
possível maior aproveitamento da pedra.
Ela ficou com um aspecto de um caixão,
mas eu achei que estava aproveitando ao máximo e mandei lapidar.
Após todo o processo coloquei na
cartolina e fui até a esquina vende-la (ou tentar vender), mas foi um fiasco.
Pensei comigo enterrei o meu dinheiro
nesta pedra.
Mas como DEUS não desampara o seu servo,
fui até o escritório Arnaldo e mostrei a pedra para ele, ele a examinou e
gostou e me disse:
-Interessante eu tenho uma pedra com a
mesma forma e esta veio para fazer um par com ela. Quanto você esta
pedindo por ela?
Ai! Procedi como NEEMIAS quando foi
falar ao Rei Artaxerxes, “Disse-me o rei: Que me
pedes agora? Então, orei ao Deus dos céus...”
(Neemias 2:4) e falei o preço.
O valor era muito alto em vista do que
eu tinha pagado por ela.
-Arnaldo, eu estou pedindo US$1.000,00
(mil dólares) por ela.
O valor da época era superior a muitas
vezes o valor pago; eu tinha comprado por Cr$ 180.000,00 (cento e oitenta mil
cruzeiros), mas a minha maior surpresa foi quando ele disse:
-Vou ficar com ela.
E abrindo uma gaveta apanhou um estojo onde
estava à outra pedra e a colocou junto e as guardou, e em seguida me pagou.
Imaginem a minha surpresa, ele apanhou
os dólares e me pagou, agradeci e
retirei do escritório dele muito feliz agradecendo a DEUS pelo negocio
realizado.
No dia seguinte contei ao Haroldo e
pensei que ele ficaria surpreso, mas o que ele me disse foi:
-Celso, você ágil certo na compra, mas
muito mais na venda, valorizou o seu trabalho; agora você pode comprar com o
valor que dispõe, compre certo para não perder.
Mais uma vez o Haroldo mostrou que a sua
amizade era sincera e desinteressada, e que realmente queria que eu prosperasse
(SAUDADES)
Amigo leitor esta foi à primeira
experiência na compra de um dos berilos mais valorizados no mercado de jóias.
A ESMERALDA é considerada a rainhas das
pedras preciosas perdendo somente para o
brilhante e a alexandrita na minha concepção.
Quem diria um leigo ontem e um comprador
hoje! Garça a DEUS que colocou o Haroldo na minha vida e como professor ele era
nota 1000 (mil).
É bom que se saiba, ele não parou por
ai, continuou o ensinamento na teoria e na pratica; examinava um lote e em
seguida me manda separar as melhores e
avaliar o preço antes dele negociar com o vendedor.
Aos olhos de quem não tem conhecimento,
as pedras pareciam e parecem todas iguais, divergindo somente no tamanho, pois
quando juntas parecem ter a mesma cor e este é o motivo da classificação de
pedra por pedra.
As pedras do garimpo de Santa Terezinha
em relação a Campo Formoso na Bahia e de Itabira Minas Gerais são o carvão e o
talco que desvaloriza a pedra, no mais era perfeita em cor e qualidade.
Após a minha classificação ele me
perguntava em particular quanto valeria o lote.
-Celso, as pedras que você separou valem
quanto para a compra, você tem que me dar um valor que eu possa pagar e ganhar.
Com o passar dos meses ele já não
classificava mais os lotes em primeira mão, mas mandava eu os classificar, e se
ele achasse favorável a minha classificação dizia para eu negociar o preço com
o comprador.
O Haroldo foi sempre muito atento ao
negocio, afinal o dinheiro era dele e ele e que pagaria se eu errasse.
Com o Dinheiro que tinha vendido a minha
primeira pedra arrisquei a compra outras e realmente foi excelente a compra e
principalmente a venda.
Certo dia o Haroldo me chamou para
comprar umas pedras de um produtor (dono de garimpo), e lá fomos- nos.
Ao chegarmos a sua casa fomos recebidos
com muito carinho, pois o Haroldo era considerado um ótimo comprador e que
pagava sempre melhor que outros (isto é um fator importante neste tipo de
comercio).
Chegamos cumprimentamos e ele nos
convidou a entra em sua casa e após isto perguntou qual o motivo de nossa
visita.
-Que surpresa agradável ver você aqui em
minha casa, pois todos comentam que o Haroldo sempre compra bem e paga sempre a
vista. Mas, o que posso fazer por vocês?
Então o Haroldo disse:
-Senhor Manoel ficamos sabendo que o
senhor tem uma produção muito boa e gostaríamos de poder comprar algumas pedras
extras.
-Sim! Eu tenho uma produção excelente e
minhas pedras são toda classificada antes de virem para a minha casa agora
mesmo tenho algumas no meu escritório.
Após falar isto, nos convidou a entrar
em um recinto (quarto) onde estava uma mesa de mais ou menos 3 metros de
comprimento por 0,80 centímetros de largura coberta com um monte de esmeralda
(mais ou menos uns 200 quilos a meu ver).
Mas isto não era para surpreender-me,
pois a produção no garimpo era enorme e o Manoel era um dos donos da melhor
região produtiva, andava só de carro zero km e viajava só de avião.
-Quantos quilos vocês querem comprar?
O Haroldo muito simples como era foi
logo dizendo.
-Nos não compramos quilo senhor Manoel,
pois somos lapidários, compramos somente pedras especiais para a lapidação.
Então ele nos disse para que ficasse à
vontade e separasse o que queria enquanto ele iria até a Caixa Econômica
depositar um dinheiro.
É bom que fique bem esclarecido o que eu
já havia escrito, a confiança entre os garimpeiros era tamanha ao ponto de
deixar-nos sozinhos com tamanha fortuna à nossa frente e sair para ir ao banco,
isto era de dar inveja a qualquer pessoa honesta; uma confiança sem limites.
Iniciamos a classificação das pedras que
nos interessava, escolhemos mais ou menos umas 500 ou 600 gramas de pedras
grandes e cor especial e com o mínimo de defeitos (carvão, talco ou trinca),
realmente um lote digno de muitas jóias após serem lapidadas.
Após a escolha o Haroldo avaliou o lote
para compra no valor de US$ 50.000,00 (cinqüenta mil Dólares), o que
corresponderia a mais ou menos CR$200.000.000,00 (duzentos milhões de
cruzeiros), um valor bem substancial, mas que iria render talvez o triplo.
Então saímos da sala e chamamos o Manoel
e perguntamos qual o valor da mercadoria que tínhamos separado, ele olhou
sopesou com as mãos e disse:
- Esta mercadoria eu posso vender para
vocês por Cr$500.000.000,00 (quinhentos milhões de cruzeiros).
O Haroldo disse.
-Este preço esta fora do que eu previ, e
que vale para mim, eu pago nesta mercadoria Cr$320.000.000,00 (trezentos e
vinte milhões).
Então o Manoel disse:
-Não! Por este preço eu não as vendo.
O Haroldo então me chamou para fora para
conversarmos e disse:
-Celso, o que você acha? A mercadoria é
boa e vale o preço que ele esta pedindo, mas eu quero melhorar, vou melhorar um
pouco, o que você acha?
Então eu disse:
-Olha Haroldo! Você sabe que eu não
tenho dinheiro e estou apenas te ajudando a comprar, mas você é quem vai pagar.
Eu acho que o preço esta bom, pois umas 200 gramas depois de lapidada vai dar
mais ou menos uns 800 quilates para vender em torno de US$1.000,00 (mil Dólares)por
quilate o que equivale a US$.80.000,00 (Oitenta
mil dólares) vezes CR$4,000 (quatro cruzeiros) por Dólar da um montante de Cr$320.000.000,00
(trezentos e vinte milhões de cruzeiros) e ainda sobra umas 400 gramas a serem
lapidadas.
Depois desta conversa voltamos para
dentro e o Haroldo de a sua ultima oferta nas pedras.
-Senhor Manoel! Eu posso pagar Por esta
mercadoria até Cr$ 420.000.000,00 (quatrocentos e vinte milhões de cruzeiros),
eu não pago mais que isto.
O Senhor Manoel disse.
-Haroldo por menos de Cr$ 500.000.000,00 (quinhentos milhões de
cruzeiros) eu não vendo.
Mas como em todo lugar de garimpo existe
pessoas que ficam na sombra (termo usa quando alguém fica ouvindo a conversa e
depois compra pelo valor em cima do que você ofereceu).
E foi o que aconteceu conosco
naquele dia.
Você se lembra do João? Aquele que me
vendeu a minha primeira pedra? Pois é, ele tinha ido comigo e o Haroldo e ouviu
toda a negociação.
Quando nos íamos saído e sabendo que o Haroldo
não compra para perder mas para ganhar muito, aproveitando a ocasião perguntou..
- Você vai ficar com a mercadoria
Haroldo?
Então o Haroldo disse:
- Não! Não vou ficar com a mercadoria,
se você quiser pode comprar.
Então ele disse para o Manoel:
-Eu fico com a mercadoria senhor Manoel.
Isto é que se pode dizer (comprar na
sobra).
Nós saímos e voltamos para casa e o João
ficou negociando com o Manoel.
No outro dia quando estávamos tomando
café o João disse que iria viajar para são Paulo com a mercadoria comprada, e
foi.
Permanecemos nas compras por uns 10 a 15
dias formando lotes maiores que da outras vezes, sempre da mesma forma, uma pedra aqui outra ali.
Neste período o João voltou de São
Paulo, tinha vendido a mercadoria por um bom preço e ganhou até um Fiat 147
vermelho novinho em folha.
Chegou, agradeceu ao Haroldo por não ter
comprado as pedras do Manoel, pois as tinha vendido por US$ 200.000,00
(duzentos mil Dólares) o que equivale a Cr$800.000.000,00 (oitocentos milhões
de cruzeiros), um ganho de Cr$300.000.000.00 (trezentos milhões de cruzeiros)
acima do custo.
E disse todo orgulhoso.
-O comprador ficou tão satisfeito com a
compra que assinou o documento do carro na hora e me deu de presente, ele é
dono de uma agencia de automóveis e pensando que eu era corretor e me
presenteou.
Os corretores de pedras ganham em media
5% do valor vendido, e claro que alguns em algumas situações colocam um valor
maior sobre a mercadoria tentando ganhar um pouco mais, isto não é ser
desonesto, pois o comprador não sabe quanto realmente o DONO esta querendo na
mercadoria.
Mas, olhei para o Haroldo após o relato
do João e vi seu semblante um tanto abatido com à noticia e ao mesmo tempo
descontente com a ação do João.
O correto seria ele voltar com a gente e
retornar ao escritório do Manoel depois sem que nos o soubessem,
Mesmo que você tenha perguntado ao comprador
se iria ficar com as pedras.
Ele simplesmente (COMPROU NA NOSSA
SOMBRA).
Isto para mim foi mais uma lição e
aguçou minha percepção tanto em relação à mercadoria que não compramos como
também de pessoas que nos cercam (ou esteja ali para comprar), não se deve
negociar à vista de neguem.
A diplomação de comprador de ESMERALDAS
É certo que até estes acontecimentos
eram utilizados para o meu aprendizado como comprador e conhecedor na
mercadoria e as pessoas com quem eu iria conviver.
O Haroldo era um professor exemplar
tanto no trato para comigo e com os vendedores.
Era profundo conhecedor do mercado de
esmeraldas (comprar e vender), e eu estava ali por vontade de DEUS, portanto
nada poderia me impedir de aprender.
Como eu já comentei o Haroldo apesar de
ser uma boa pessoa se dizia ateu; nesta ultima viagem ( que eu não sabia)
coloquei minha Bíblia dentro da minha bolsa junto com as roupas e não no painel
do carro como era o meu costume durante todo o período que viajamos junto, pois
aproveitava para ler em quanto o Haroldo dirigia.
Para a minha surpresa, quando já
havíamos passado Belo Horizonte e conversávamos sobre compra e vender as pedras
eu muita das vezes apanhava a Bíblia e fazia algumas referencia ao poder de
DEUS lendo um ou mais versículo exaltando sua soberania sobre nossa vida, neste
dia eu não o fizera.
O Haroldo olhou para o painel e para as
minhas mãos e disse:
-Uai Celso quede a sua Bíblia não vai
ler nenhum versículo para mostrar o poder de DEUS.
Alguém poderia interpretar isto como um
sarcasmo, mas eu não o fiz, pois DEUS age muitas vezes de formas das quais nos
surpreende.
Ele estava interessado em conhecer a
verdade, (de uma forma que somente DEUS poderia dizer). Então pedi para ele
para carro, desci abri a porta malas e apanhei a Bíblia e voltei novamente para
dentro do carro e comecei mais uma vez explicando a ele como DEUS age em nossa vida.
Se ele converteu, aceitando a salvação
através de JESUS CRISTO eu não sei, pois como eu já disse esta foi a ultima
viagem junto para Santa Terezinha do Goiás. E passado alguns anos soube que ele
tinha sofrido um acidente nas estradas do Amazonas e morreu.
Chegamos a Santa Terezinha e como das outras vezes fomos cercados pelas meninas as quais nos recepcionava
sempre; elas e sua mãe a Iraci.
Distribuímos as guloseimas para elas e levamos
as mala para dentro de casa.
O Haroldo como sempre perguntou a Iraci
se falta alguma coisa.
Dona Iraci esta faltando alguma coisa
para a cozinha?
A resposta foi.
Não Haroldo! Não esta faltando nada.
Em seguida fomos ao supermercado fazer
compras para as despenas (todos os que ficavam ali hospedados fazia a feira,
independente se tinha ou não mais gente).
Esta era a norma da casa imposta por
todos que era proprietário da mesma, pois à Iraci e Mariano tomava conta da
casa, recebiam para isto, mas não era obrigado a alimentar a ninguém
Não trouxemos somente feijão e óleo, mas
de tudo que é necessário para uma casa de família, alem de leite em pó e biscoito
de varias marca para as meninas.
Em seguida fomos ao açougue e compramos 10
quilos de carne; sendo a metade de carne fresca e a outra metade de carne seca,
(carne de sol como falamos aqui em Minas Gerais).
Retornamos para casa e quando lá
chegamos já tinha vendedores nos esperando, e o Haroldo desceu do carro e já
foi examinando as pedras em quanto eu e a Iraci descarregávamos as compras.
No outro dia após comprar uns dois lotes
que eu examinei ele me disse o seguinte:
-Celso, você não precisa aprender mais
nada, já sabem tanto quanto eu; a partir de hoje você pode comprar com o
dinheiro que tem guardado. Se você quiser vir comigo novamente para aqui eu
continuarei trazendo você, mas é por sua
conta agora, a despesa de viagem e de hospedagem aqui na casa.
O que eu poderia dizer, ele realmente
tinha me ensinado tudo a respeito de esmeralda além de bancar todas as despesas
nestes 09 meses de vinda e retorno a Governador Valadares.
Agradeci muito a ele e disse que estava
sempre a sua disposição para qualquer coisa (isto você verá mais tarde).
A partir deste momento iniciei realmente
a profissão de (pedristas - comprador), pois apesar de já esta no comercio
ainda não tinha tido a experiência com outras pedras de grandes valores como a
esmeralda; estava diplomado.
Comprei o meu primeiro lote de
esmeraldas com o dinheiro que dispunha, mas mesmo assim consultei o Haroldo se
estava bom o preço, ele examinou a mercadoria e disse:
-Você esta no caminho certo, a compra
foi boa, e da para dobrar o valor do dinheiro.
Ficamos mais uns 2 dias ainda em Santa Terezinha, olhando conversando.
Estamos sem pressa, na volta para
Governador Valadares, uma viagem que geralmente a gente gastava um dia gastamos
mais de 2 dias, pois tudo o que víamos na estrada nos paramos para comer.
Iniciamos
com um caldo de cana, depois umas frutas, uma pamonha ou milho assado.
Foi uma turnê a nossa volta, era uma
água de coco ou uma cocada, cana, manga em fim tudo que podíamos para e comer
nós o fizemos.
Chegamos à Valadares, preparamos as
pedras e as vendemos, sempre em locais diferente um do outro; agora eu erra (concorrente).
Porque negociarmos com mesmo cliente?
Passado uns 4 dias ele foi até a
lapidação que ficava na Rua Muriaé numero 1085 no Bairro de Lourdes, hoje
Avenida Santos Dumont.
Lá chagando após umas conversas ele me chamou
para voltar a Santa Terezinha com ele, e é claro eu aceitei imediatamente.
Havia dois bons motivos para aceitar a
carona, primeiro eu não tinha carro ainda e segunda era mais uma oportunidade
de conhecer mais e aprende com ele.
Nesta viagem ele comprou poucas pedras,
não tinha mercadoria boa na praça.
Conversando com um baiano por nome
Raimundo e ficamos sabendo que em Campo Formos - Bahia
estava aparecendo boas pedras do garimpo de socoto.
Apesar de que o Haroldo já conhecia a
região, mas tinha muito tempo que não ia por aquelas bandas e o Raimundo estava
indo para casa visitar a família, resolveu dar a ele uma carona.
Parte
IV
A viagem a Campo Formoso – BA
Encerramos as compras em Santa Terezinha, arrumamos nossas
coisas despedimos da Iraci e as meninas e iniciamos a nossa jornada de mais ou
menos 2.0000 (dois mil quilômetros entre Santa Terezinha do Goiás a Campo
Formoso na Bahia).
O nosso roteiro foi passando pelo planalto
de Goiás, atravessando Brasília através do anel rodoviário.
Após Brasília no planalto goiano a vista
é maravilhosa com formações rochosas cortadas pelo vento um espetáculo.
Quando passamos em frente à residência
oficial do presidente do nosso país, conhecida por granja do torto já era aproximadamente 20 a 21 horas.
Eu estava dirigindo e o Haroldo e o
Raimundo estava dormindo.
A estrada era uma reta somente, a noite
estava escura e não dava para ver nada quando de repente vi uma luz vermelha acenando
diante de mim.
Deu um golpe na direção para a esquerda
e fui juntando diante do veículo os cones que estava sinalizando a pista.
Pisei no freio, mas eu estava a mais ou
menos uns 100 quilômetros por hora e foi difícil parar o carro.
Após andar um bom pedaço lixando pneu o
carro parou, dei marcha a ré até a pessoa que estava com a lanterna (era um
policial), ele nos iluminou dentro do carro e mandou que saísse do veiculo.
A noite estava muito quente e eu estava
sem camisa e perguntei se poderia me vestir antes de descer, e ele afirmou que
sim.
Quando saímos do carro fomos cercados
por uns vinte homens encapuzados portando submetralhadoras que nos apontavam.
O Raimundo começou a choramingar dizendo
baixinho.
-Vão nos matar! Vão nos matar!
Ato continuo, apareceu do escuro dois
policiais que mandaram abrir a parte de traz do Fiat e começaram a mexer nas
nossa bolsas.
Mexeram até que encontraram uma balança que
utilizamos para pesar as pedras que comprávamos.
Achamos! Achamos! Foi o tom sarcástico
dos dois.
Isto me despertou do susto em que ainda
me encontrava por deparar com uma lanterna vermelha no meio do asfalto em plena
noite, então disse:
-Acharam o que? Vocês estão pensando que
somos traficantes de drogas?
Fiquei revoltado e comecei a falar alto
com muita raiva enquanto o Raimundo dizendo sempre a mesma frase me deixou
ainda mais nervoso.
Os policiais imediatamente reagiram e vieram
em minha direção com tons ameaçadores, quando uma voz se fez ouvir no escuro:
-Parem!
Todos ficaram parados esperando nova
ordem, mas a pessoa que falou apareceu do nada (do escuro) não estava com o
rosto coberto e dava para notar tratar-se de um superior de todos.
Aproximou-se de mim e dos dois
companheiros e me perguntou em tom autoritário:
-Porque você ficou tão bravo e falando
alto? Somos policiais.
Ai eu responde com voz mais branda, mas
sem me humilhar, pois em tais situações você tem que demonstrar que não é
nenhum bandido, mas cidadão livre, e que tem os seus direitos.
Olhei, Parei o carro e voltei
de ré, se fosse bandido teria continuado na velocidade que estava, pois já
havia ultrapassado a barreira de vocês; no entanto retornei, ao descemos do veiculo, não fomos identificados,
mas foi nos dado uma ordem de abrir a parte de traz veiculo e imediatamente
estes dois policiais começaram a remexer nos nossos pertences até que acharam
esta balança e disseram ACHAMOS!ACHAMOS! Deduzindo que somos traficantes.
Então o policial que me argüia me
perguntou:
-Quem são vocês? E de onde estão vindo?
Então eu perguntei se podia levar a mão
ao bolso.
-Posso apanha meus documentos no bolso?
A resposta foi.
-Sim! Pode.
Apanhei minha carteira, e retirei meu CARTÃO DE ADQUIRENTE DE SUBSTANCIAS MINERAIS,
emitido pelo MINISTERIA DA FAZENDA -
Secretaria de Receita Federal em nome da LAPIDAÇÃO LANES & LANES LTDA da
qual eu era o proprietário, e ainda minha carteira de Garimpeiro, e passei a
ele que os leu à luz da lanterna.
Após ler o documento juntamente com
minha identidade perguntou:
-O que vocês estão levando no carro? E
para onde está indo?
Respondia à sua pergunta.
-Estamos com mais ou menos 2 quilos de
pedras (esmeraldas) que compramos em Santa Terezinha e estamos indo para a
cidade de Campo Formoso na Bahia.
-Como vocês podem comprovar o que estão
dizendo?
Novamente pedi para abrir o carro e
apanhar minha bolsa.
–Posso apanha minha bolsa no carro?
-Pode!
Então eu abri a porta do carro apanhei
uma sacola e mostrei o seu conteúdo (era as esmeraldas que o Haroldo tinha
comprado), nisto o Raimundo apanhou sua bolsa e mostro 2 quilos que estava
levando para vender em Campo Formoso.
-Você tem nota desta mercadoria?
-Sim! Temos.
Apanhei minha bolsa e retirei a nota de
compra expedida pelo vendedor e a nota da Receita Estadual expedida para o
transporte da mercadoria juntamente com o bloco de compra autenticado pela Receita
Estadual de Governador Valadares,
O policial olhou iluminando com a
lanterna e em seguida disse:
-Vocês estão liberados.
Mas o policial que estava examinando o
carro tinha encontrado umas baixelas (vasilhas de aço inoxidável da Tramontina)
que o Raimundo estava levando para sua esposa, e disse:
-Vocês vão ter problemas com a
fiscalização estadual à frente.
A minha resposta foi curta e grossa:
-Isto é problema nosso e não seu.
Agradeci ao policial que estava
conversando comigo.
-Obrigado! Boa noite!
Entramos no carro e seguimos viagem,
logo à frente passamos as barreiras da fiscalização fazendária sem sermos
perturbados.
Viajamos até a meia noite, ai resolvemos
dormir em uma pousada à beira da estrada.
Paramos o carro e descemos, quando íamos
entrar o pediu as chaves do carro abril a porta e o manobrou colocando sua
frente para o lado que iríamos ao outro dia.
Fiquei curioso com tal gesto, mas não
perguntei o motivo. Ele vendo que eu estava
olhando disse:
-E disse! É para quando eu apanhar o
carro amanhã, saber qual a direção que estamos indo. Já aconteceu eu voltar
para trás muitos quilômetros até descobrir que estava voltando.
Demos uma boa gargalhada, e eu disse em
tom de brincadeira:
-Isto é coisa de gente velha.
Ele me explicou que tinha falta de
direção e era por isto que sempre deixava o carro direcionado para onde ir ao
outro dia.
Então fomos dormir; ao amanhecer
levantamos tomamos café e seguimos viagem.
O que víamos pela frente foi reta, retas
e mais retas intermináveis, lá pelas 2 horas da tarde vimos um brilho no
asfalto bem distante, ai ficamos conjeturando.
O Raimundo perguntou.
-E uma lata de cerveja ou de
refrigerante?
O Haroldo disse.
-Não! Deve ser um caco de vidro, pois este
muito pequeno!
Eu porem afirmava.
-Deve ser um espelho.
Já o Raimundo disse que era um pedaço do
espelho de retrovisor de um carro, e por ai fomos fazendo suposições as quais duraram por 40 minutos
até chegarmos mais próximo, e qual foi a nossa surpresa?
O objeto que tantas suposições apresentavam
nada mais era do que um caminhão (uma Mercedes) estacionado à beira da estrada.
Isto mostra qual é a extensão das retas nesta parte da Bahia.
O nosso trajeto foi: Saindo de Santa
Terezinha do Goiás, retornamos a Handrólina e passamos por Rialmas, Ceres, Anápolis, Brasília, Granja do Torto,
Alvorada do Norte, Posse e entramos no Estado da Bahia.
Seguimos para Barreiras passamos por Campo
Alegre ai entramos no Piauí e fomos até Raimundo Nonato (terra do humorista
Chico Anízio) voltamos novamente à Bahia e fomos até Remanso, Jacobina, Saúde,
Antonio Gonçalves e finalmente Campo Formoso.
Foi um trajeto de mais de 2 dias de
viagem até chegarmos ao nosso destino.
Chegamos e nos hospedamos em um hotel,
após despedirmos do Raimundo ( o baiano como todos o chamavam).
Descansamos bastante antes de iniciarmos
as compras.
Levantamos
lá pelas 8 horas e fomos tomar o café, a proprietária que nos serviu perguntou
se queríamos Bode.
- Vocês querem bode para o café?
O Haroldo arregalou os olhos e me
perguntou baixinho:
-Celso! O que é bode?
Então eu lhe expliquei que na Bahia não
se fala cabrito, mas bode.
Então ele olhou para a dona do hotel e
disse:
-Sim! Queremos bode com o café.
E ela nos serviu em uma gamela de
madeira com um quarto trazeiro de bode assada.
Tinha também cuscuz, tapioca com coco, farofa
de carne com rapadura, queijo ( queijo qualho, é nosso queijo mineiro feito de
leite qualhado) manteiga de garrafa,
pão, café e leite além de frutas melancia, mamão e suco de laranja, um
verdadeiro almoço como repasto na parte da manhã.
Refestelamo-nos com tanta iguaria
nordestina pois eu gosto muito de comidas típicas de outros estados, e como não
estávamos com pressa tiramos uns (2)
dois dedos de prosa com a proprietária a respeito
de onde encontra vendedores com esmeralda de socoto .
Ela imediatamente nos indicou um hotel
na outra rua onde ficava hospedado o pessoal (garimpeiro e vendedores vindo de Socoto e Limoeiro outro garimpo de
esmeraldas na Bahia).
Terminamos de tomar o café (ou melhor,
dizendo almoçar, pois o café era um almoço) e saímos em busca do tal hotel.
Chegando ao local encontramos algumas
pessoas negociando, e ficamos observando até que alguém nos perguntou se
queríamos comprar algumas esmeraldas.
Afirmamos que sim e ele nos mostrou um
pequeno lote de 200 a 300 gramas.
O Haroldo apanhou as pedras e começou a
examinar e separar algumas como era seu costume.
-Você vende somente estas aqui ou que vender todo o lote?
-Não, vendo até uma pedra se você
quiser.
-Qual é o preço destas?
-US$500.00 (quinhentos dólares)
Respondeu o vendedor.
-Dou US$250.00 (duzentos e cinqüenta
dólares).
-Não! Eu vendo por US$350.00 (trezentos e
cinqüenta dólares).
Ai então o Haroldo disse que pagaria
somente US$300.00 (trezentos dólares), e o vendedor aceitou, pagamos e
continuamos a comprar.
Ao retornarmos ao hotel, perguntamos a
dona onde poderíamos comer uma galinha ao molho pardo.
Ele indicou uma local, uma casa em que
se faziam refeições caseiras e fomos para lá.
-Vocês fazem galinha ao molho pardo?
Perguntou o Haroldo a um homem que
estava em uma mesa dando aparência de ser o proprietário.
-Fazemos sim, para quantas pessoas?
-É somente para nos dois.
-Olha é muito difícil fazer só para duas
pessoas, mas voltem as 11 horas que nos vamos preparar, pois talvez chegue mais
gente para almoçar.
Voltamos às 11 horas com uma fome de
leão, chegamos assentamos.
Uma moça nos sérvio, arroz branco,
feijão, macaxeira (mandioca) e a galinha ao molho pardo.
Parecia que estávamos presos, pois
comemos a galinha com o molho pardo todo ao ponto do dono dizer;
-Ó Chen te! Eu pensei que a galinha ao
molho pardo iria dar para outras pessoas, mas agora tenho que fazer mais, vocês
estava com fome mesmo!
Nós rimos e pedimos a conta, pagamos e
fomos para o hotel fazer uma ‘SIESTA’ como se fala em espanhol ou dar um bom
cochilo (como se falem em bom português).
Após passar os 5 dias retornamos a
Valadares.
O nosso trajeto foi outro, pois passando
por Antonio Gonçalves, Jacobina, Mundo Novo, Itaberaba, Jequié, Vitória da
Conquista, Campos Sales e entramos no estado de Minas Gerai em Estreito e passamos Medina, Itaobim, Padre
Paraíso, Teófilo Otoni, Campanário, Frei Inocêncio, Cronin de Baixo e
finalmente Governador Valadares.
Uma viagem extenuante, pois viajamos de
4 horas da manhã até as 3 horas da madrugada, parando somente para almoçar, jantar
tomar café e abastecer o carro.
Nesta viagem eu apenas assisti o Haroldo
comprar, ainda não tinha muito conhecimento das pedras de socoto e limoeiro na
Bahia.
Parte
V
Primeira Viagem independente
A partir daí já não mais voltei com o Haroldo
a Santa Terezinha. Eu estava agora apto a comprar e a vender a minhas próprias
custas, e, foi o que fiz após uns 10
dias coordenando a lapidação e fazendo alguns contatos para saber onde vender a
mercadoria que iria trazer na próxima volta ao garimpo.
Em uma segunda-feira retornei as
atividades de compras, e, viajei para Santa Terezinha sozinho.
Hospedei-me na mesma casa; aproveitei
para levar algo paras as meninas (não foi biscoito nem bala) levei bonecas e
alguns vestidinhos para elas, e isto agradou muito sua mãe da qual já tinha me
feito amigo nas viagens anteriores.
Como era o costume após descarregar a
bagagem perguntei a Iraci se estava faltando alguma coisa.
- Iraci esta faltando alguma coisa na
despensa?
A resposta foi.
-Não senhor Celso! Não esta faltando
nada, pois não faz nem 20 dias que o senhor e o Haroldo fizeram compras.
Apesar da resposta fui até o
supermercado e fiz outra compra para uns 30 dias.
Permaneci por 2 dias comprando com os
recursos que tinha (os quais não eram muito), mas dava para ganhar na venda, e
assim comecei.
Ia até Santa Terezinha comprava voltava
a Valadares lapidava as pedras e as vendia e retornava as compras.
Depois de três viagens sozinhas,
conversei com um irmão da Igreja Presbiteriana Renovada e ele resolveu ir comigo em parceria.
Ele entrava com o carro e um pouco de
dinheiro e eu entrava com o conhecimento e um pouco de dinheiro pois eu tinha o
conhecimento na compra e na venda ele só sabia dirigir mais nada.
Ao chegarmos a Santa Terezinha as
meninas vieram nos receber (um pouco ressabiadas e desconfiadas), pois não
conhecia o meu sócio, mas logo me abraçaram e eu pude distribuir as guloseimas
a elas.
Cumprimentei sua mãe,
apresentando-a ao Abner e disse que era
meu irmão em Cristo e meu sócio.
Ela o recebeu com a simplicidade de
sempre e disse.
-Como vai o senhor, muito prazer.
O Abner como bom presbítero que é sorriu
para ela e disse.
–Dona Iraci é um prazer conhecê-la
pessoalmente, pois o Celso veio elogiando muito a senhora, e disse que é uma
pessoa muito carinhosa e simpática.
Eu tinha comprado alguns cortes de
tecidos paras as meninas e para ela também, e aproveitei e entregue a ela que
muito acanhada me agradeceu com um sorriso.
Aproveitei para perguntar pelo Mariano e
ela me disse que estava dormindo.
-Senhor Celso, ele esta dormindo.
Apanhamos nossas bolsas e nos alojamos
no quarto da frente onde era mais claro para examinar as pedras (o quarto que
eu e o Haroldo sempre ficávamos), em seguida saímos e fomos fazer compras.
Ao retornarmos à casa com as compras
Iraci ficou sem saber o que fazer com tantos alimentos, arroz, feijão, açúcar, farinha,
óleo, café, doces, biscoitos, macarrão, alho, sal, leite em pó, Todd, queijo,
pão de forma, em fim tudo que é
necessário para uma residência, só que em doze dupla pois nos éramos 2 e eles
eram 6 apesar das meninas serem pequena eu não fiz diferença.
-Senhor Celso, é muita coisa, nos não
vamos dar conta de tudo.
-Olha Iraci! Eu não quero que você regre
nada, podem comer e beber a vontade e tudo para nós, não se preocupe.
Ai eu perguntei:
- Iraci, as meninas tomam leite?
-Tomam! Senhor Celso! Mas o Mariano não
tem comprado para elas, pois vive jogando baralho e gasta todo o dinheiro; ele
esta dormindo porque tem passado as noites no jogo.
Então eu tomei uma decisão e disse.
-Amanhã quando o leiteiro passar me
chame para conversar com ele.
O leite era vendido de porta em porta
por um homem montado em um cavalo e com um latão dependurado na cela.
No outro dia quando o leiteiro passou,
ela a me chamou e eu fui conversar com ele.
-Bom dia!
-Bom dia!
Respondeu ele parando o cavalo.
-Você tem fornecido leite para a Iraci?
-É! Eu fornecia, mas parei porque ela
disse que não tem dinheiro para pagar.
Então eu Disse:
-Está certo! Mas, agora você vai voltar
a fornecer todos os dias 3 litros de leite para ela, Vou deixar pagos 20
litros, pois todas as semanas eu estarei aqui, e se acabar o dinheiro pode
continuar a fornecer porque vou deixar dinheiro com ela para te pagar. Certo?
- Certo! Obrigado!
Voltei para dentro de casa e disse a Iraci.
- Iraci! Alimente bem estas meninas,
quero velas grandes e fortes. Em quanto eu vier aqui não precisa se preocupar
com nada.
Chamei o Abner e fomos até o açougue
comprar carne, compramos 10 quilos sendo 5 de carne fresca 5 de carne de sol e
3 quilos de tocinho para fazer torresmo.
Depois disto comecei a compras.
O Abner sempre curioso ficava olhando e
até perguntando algumas vezes.
Compramos mais ou menos umas 300 gramas
de pedras boas para lapidar, gastando um valor de CR$3.000.000,00 (três milhões
de cruzeiros) quase todo o nosso capital, ficando somente para as despesas de
volta a Valadares.
Depois de 3 dias voltamos para Minas e fomos
lapidares as pedras para poder vendê-las e ir buscar mais.
Vendemos as pedras após serem lapidadas
e tratadas para melhorar sua qualidade, vendemos o lote todo.
O lucro foi ótimo deixando o Abner muito
contente.
Separamos o capital e repartimos o lucro
Geralmente voltávamos a quartas feiras,
lapidava tratava e as vendíamos para na segunda ou terça voltar a Santa
Terezinha.
Ao chegamos aconteceu o que sempre
ocorria com as meninas nos recepcionando e recebendo nosso carinho.
Apesar de passar 3 a 4 dias longe de
Santa Terezinha, logo que eu chegava após alojar e guardar as bolsas ia fazer
compra mesmo com a Iraci dizendo que ainda tinha.
Nós ganhávamos bem com as vendar porque
negligenciar uma vida melhor para as pessoas que sempre nos tratava bem, eu
sempre dava a Iraci dinheiro quando ia embora mas ela sempre recusava.
Algumas das vezes eu deixa para dar o
dinheiro quando já estava dentro do carro, ou entregava uma das meninas afim de
que ela na pudesse devolver.
Voltamos com o carro carregado de
mantimento e a Iraci exclamou:
-Senhor Celso! Onde vou guardar tanta
coisa os armários estão cheios, já tinha tanta coisa sobrando.
Eu apenas sorri, e comecei a descarregar
o carro, e aproveitei para pergunta novamente pelo Mariano, pois já há varias
vezes que vinha e nunca o encontrava.
-E o Mariano Iraci, quede ele, pois já e
a terceira viagem que não vejo?
-Esta dormindo, pois tem passado as
noites no jogo de baralho gastando o dinheiro que recebemos aqui da casa.
Como eu já estava bem familiarizado com
ele disse para ela:
-Quando levantar fale que quero
conversar com ele, quem sabe ele
consegue algumas pedras para eu comprar em sua mão.
Quando ele levantou-se eu fui conversar
com ele foi logo dizendo.
-Mariano eu não tenho nada com sua vida,
mas, porque você não arranja algumas pedras para vender para mim.
Ele pesou um pouco e disse que iria ver
se conseguia algumas para me vende.
-Vou seguir seu conselho.
Realmente após 2 dias ele apareceu com
uma pedra de 8 a 10 gramas, uma boa pedra e me mostrou. Examinei e vi que era
boa para lapidação, tinha tamanho, cor e pouco defeito para ser formada.
-Mariano qual o preço desta pedra?
-O preço do dono é Cr$1.800.000,00 (um
milhão e oitocentos mil cruzeiros).
Olhei novamente a pedra, pesei em minha
balança para conferir se meus cálculos
estava certo, ela pesa 9 gramas e meia, que após formada e lapidada ficaria uma
pedra de 9 quilates boa e outra de mais
ou menos 7 quilates media pois tinha que ser dividida.
-Não Mariano! A pedra vale para mim
Cr$750.000,00 (setecentos e cinqüenta mil cruzeiros).
-Não senhor Celso, o senhor ofereceu
pouco.
Apanhou a pedra e saio com ela para a
rua. Passando umas 2 horas apareceu outro vendedor dizendo que tinha uma boa
pedra para me vender.
Perguntei onde estava, e ele me deu um
tubinho de remédio efervescente onde estava a pedra dentro de olho Singer (uma
forma de conservar o brilho da pedra).
Derramei na mão, e era a mesma pedra que
o Mariano tinha me mostrado, mudou somente a embalagem.
-Eu já vi esta pedra com outro vendedor,
e já mandei uma oferta. Mas, qual é o preço para eu comprar?
-Bem! O preço desta pedra é
CR$1.000.000.00 (um milhão de cruzeiros).
-Olha! Eu já mandei um preço nela e vou
manter o que falei, eu dou CR$750.000,00 (setecentos e cinqüenta mil cruzeiros)
por ela.
Ele disse que não.
-Não! É muito pouco.
Então lhe devolvi a pedra e ele foi
embora.
No outro dias saímos para à rua em busca
de algo para comprar e fomos interpelados por um baiano que nos disse que tinha uma pedra , e que eu já a tinha visto e
oferecido Cr$750.000,00 (setecentos e cinqüenta mil cruzeiros) nela .
- Senhor Celso! Eu sou o dono da pedra e
quero lhe vender; mas eu não vendo por menos de Cr$800.000,00 (oitocentos mil
cruzeiros).
Pensei
bem, e, quem paga 750 paga 800.
Apanhei a pedra e vi que era a mesma
então resolvi ficar com ela.
Tirei o talão de cheque do bolso
preenchi no valor e disse para ele procura diretamente o Gerente da Caixa
Econômica Federal sem entrar na fila que
ele iria pagar-lhe. Ele me agradeceu e foi em busca do banco.
Se você se recorda eu já tinha escrito
que as pedras saem do garimpo por um preço e passa por varias mãos, e cada um
que a pega para vender acrescenta mais um pouco sobre o valor do outro, o bom é
comprar direto do seu dono, mais isto é difícil.
A pedra maior após ser formada, lapidada
e tratada foi vendida por US$ 3500.00 (três mil e quinhentos dólares) vezes
Cr$4.00 (quatro cruzeiros) por dólar deu um montante de Cr$1.400.000,00 (um
milhão e quatrocentos mil cruzeiros)
ficando ainda a menor que foi vendida em outro lote.
As nossas viagens eram sempre de segunda
a sexta feiras, pois tínhamos compromisso com a Igreja aos domingos (eu era
professor na escola dominical e o Abner era e é Presbítero até hoje).
Escola dominical pela manhã e culto vespertino de adoração a Deus a noite, por isto
procurávamos viajar na sempre na segunda
para termos mais tempo durante a semana.
Desta vez demoramos mais a voltar a
Santa Terezinha, uns 10 dias, tínhamos algumas coisas a serem acertadas em
Governador Valadares.
Após este tempo retornamos as compras, a
nossa volta causou uma euforia nas meninas que ao verem o carro entrar no
quintal veio correndo e nos abraçaram com a simplicidade de criança ao ver
alguém que gosta retornar.
Isto nos alegrava também, pois tínhamos
a oportunidade de abraçá-las e alegra a sua mãe que via em nos um amigo ou um
parente distante na Bahia.
E nos não nos furtavam a oportunidade de
trazer lhes guloseimas e brinquedos como se fosse para os nossos próprios
filhos.
Mas voltando um pouco, antes mesmo de eu
abrir a porta do carro e receber o abraço das meninas, quando entramos no
quintal apareceu um vendedor (o Bimba) este era seu apelido que me disse:
-Senhor Celso! Tenho aqui um lote de
pedras muito bom para lhe vender, é mais ou menos umas 800 gramas de pedras
escolhidas.
Pedi que esperasse nos alojarmos depois
eu olharia a mercadoria, entramos na casa cumprimentei a Iraci, mas percebi que
estava triste, então lhe perguntei:
-O que houve Iraci? Estou percebendo que
esta um pouco triste, Cera que é a nossa volta para Ca?
-Não senhor Celso, pelo contrario estou
alegra com a volta de vocês, mas e por causa do Mariano que continua a jogar e
dormir durante o dia e não trazer nada para dentro de casa, além disto, ele
esta bebendo o leite das meninas.
Ao ouvir tal relato ficamos endiguinados.
Eu e o Abner, pois o leite era para as meninas, já que os adultos tinham os
alimentos normais que sempre comprávamos quando nos chegávamos.
Então tomei uma atitude um tanto intempestiva devida minha cólera momentânea e fui até a
porta do quarto e a esmurrei dizendo:
-Olha aqui moço! O leite que eu estou
pagando é para as suas filhas que você não tem responsabilidade com elas; você
já se alimenta da comida que colocamos nesta casa, sendo que somente a sua
esposa tem o trabalho de nos preparar quando aqui estamos. Eu não alimento
vagabundo ou jogador, se da próxima vez
que eu chegar aqui e a Iraci me contar que você continua a joga e beber o leite
das crianças eu vou denuncia você para à policia.
Não houve resposta alguma, sinal que ele
tinha ouvido, pois eu tinha batido muito forte na porta que dava para ouvir lá
da rua, até mesmo o vendedor que me aguardava do lado de fora ficou com raiva
da atitude dele e disse.
-Este cara não faz nada na vida, nem
mesmo quer vender uma pedra, pois tem casa e comida sem fazer força!
Passado a agitação, chamei o vendedor
para entrar no quarto onde eu examinava a mercadoria, e ele entrou e me deu uma
sacola de plástico com as pedras.
Derramei-as sobre a mesa, acende a
lâmpada e comecei a examinar pedra por
pedra separando as melhores umas 300 gramas.
Perguntei para Bimba se vendia somente as
que tinham separado.
A resposta foi:
-Senhor Celso! Eu tenho que perguntar ao
dono se pode vender separado, pois ele me disse que vender todas juntas.
Devolvi a mercadoria a ele separada em
um saquinho, e ele sai à procura do dono para ver se poderia vende nas
condições que eu tinha perguntado.
Neste meio tempo, fomos fazer as compras
de mantimentos (que pelo visto não tinha muito), pois a Iraci não falou nada
quando chegamos com o carro abarrotado faltando somente comprar a carne que era
no açougue um pouco mais distante, La na avenida.
Passaram mais de 2 horas até que o Bimba
voltasse com a resposta do dono das pedras.
Voltou, e me entregou o saquinho dizendo
que ele venderia por Cr$3.000.000,00 (três milhões de cruzeiros).
Achei um pouco caro e mandei uma oferta
de Cr$2.700.000,00 (dois milhões e setecentos mil cruzeiros).
O Bimba então me disse que o preço era o
que falara e que não tinha jeito, pois do dono queria vender era o lote todo
(as 800 gramas) e que para separar seria mais caro.
-Não Bimba! Por este preço eu não compro
a mercadoria, se ele quiser os Cr$ 2.700.000,00 (dois milhões e setecentos mil
cruzeiros), eu fico com elas.
Devolvi a mercadoria para ele e ele foi
embora e não voltou com nenhuma resposta
para mim.
Continuei a olha outras mercadorias
durante o restante do dia, mas nada me agradava, ora era o preço, ou era a mercadoria em si mesmo que não servia
para lapidar.
Mais ou menos as 15h00m a 16h00m
resolvemos ir ao açougue comprar carne já que ainda não tínhamos feito, e lá
fomos nos conversando a respeito das compras que desta vez estava mais difícil
encontrar o que queríamos.
Então falei com o Abner
- Vamos comprar uns 5 quilos de carne de
sol para a Iraci fazer para nos fritinha para comermos com arroz na janta?
O Abner completou rindo.
-E mesmo, uma carne de sol fritinha iria
bem com o arroz e uma coca-cola bem gelada, o que você acha?
Eu em vez de responder a ele fiz outro
comentário.
-Abner! Você já imaginou se tivéssemos
comprado a mercadoria do Bimba a esta hora nos já estaríamos quase em Anápolis,
já voltando antes mesmo de ter descarregado o carro quando chegamos.
Ele confirmou.
-É mesmo.
Chegamos ao açougue e escolhemos uma
carne de dois pelo (carne de um lado e gordura do outro), e pedimos para pesar.
Em quanto esperávamos o açougueiro pesar
e embrulhar a carne o Abner disse.
-Porque não vamos procurar Bimba e comprar a mercadoria e ir embora?
Eu concordei.
-É verdade! Vamos procurá-lo, quem sabe
ele ainda não as vendeu e podemos comprá-la, pois aquela mercadoria é muito
boa, e tem aquela pedra maior que quase paga o lote todo.
Nós cremos, e sabemos que não existem
acasos, pois DEUS esta sempre no controle de nossas vidas, e foi assim o que aconteceu ao sairmos do açougue, e o
encontramos assentado na calçada quase em frente.
Fomos ate ele e perguntamos pela mercadoria.
-Bimba! Quede aquela mercadoria? Você já
vendeu ou ainda a tem na bolsa?
-Eu não a tenho mais na bolsa, devolvi
ao seu dono e ele a levou para o garimpo.
Quando DEUS manda algo para a gente, ele
manda mesmo! E nos não tínhamos compreendido isto com relação a aquelas pedras,
pois passamos o resto do dia tentando comprar outras e não conseguimos.
Resolvemos ir ao garimpo ver se
encontrávamos o dono das pedras.
-Bimba! Você esta disposta ir conosco
até o garimpo e ver se conseguimos comprá-las?
-Claro! Vamos ao garimpo.
Voltamos até em casa, entregamos a Iraci
a carne e pedimos para ela corta fininho e fritar para poder comer com arroz
quando voltarmos do garimpo.
Entramos no carro e fomos conversando a
respeito das pedras. Mas, antes de chegarmos ao garimpo encontramos uma blitz
da policia militar que fizeram sinal para pararmos, o Abner freio o carro e
parou à beira estrada.
Um soldado com um fuzil se aproximou do
carro e muito educadamente nos cumprimentou.
-Boa tarde! Estamos fazendo uma blitz
nos carros em busca de arma de fogo, por
favor, queira descer do carro e nos
mostrar os documentos do veiculo e sua habilitação.
Obedecemos prontamente à solicitação, e
o Abner que estava dirigindo (pois o carro era dele – O taxi, ele era taxista)
apanhou os documentos e entregou ao militar que os repassou a um superior seu.
Abrimos a porta do carro ia dar inicio a
uma busca no veiculo quando viu minha Bíblia no painel parou e foi até o seu
superior e conversou em voz baixa com ele.
-Vocês são evangélicos?
Perguntou-nos o Sargento que estava no
comando da blitz.
-Sim! Somos evangélicos.
Respondemos simultaneamente eu e o Abner.
Então o sargento devolveu os documentos ao Abner e disse:
-Vocês estão liberados.
Ai eu falei:
-Sargento! Desculpe-me; mas porque você
esta nos liberando sem antes vistoria o veiculo? É porque nos dissemos ser evangélicos, e, seu subordinado viu a Bíblia
no painel?
Ele imediatamente disse que sim, pois os
evangélicos não dão problemas na cidade e nem no garimpo.
Mas eu não concordei com ele e disse:
-Por favor! Mande seu subordinado dar a
vistoria no carro, apesar de que você acaba de afirmar que nos não damos trabalho, mas, é para a nossa
própria tranqüilidade que peço para fazer a vistoria.
Então ele dando um largo sorriso mandou
fazer a vistoria.
Mas, falou tão superficial que nem bem o
soldado iniciou logo disse que estava tudo limpo.
Agradecemos a todos os militares que
estava ali, entramos no veiculo e acabamos de chegar ao garimpo.
Fomos até a fofoca (nome dado onde
ficava a turma lavando o xisto e os compradores), mas não encontramos o
Laurindo (nome que o Bimba disse que ele se chamava).
Voltamos ao carro. E. o Bimba disse para
entrarmos em certa rua e lá fomos nos
até uma esquina e dobrando a mesma entramos em outra rua (as ruas do
garimpo era todas apertadas mal dando para o carro passar), até que ele mandou
que parasse, e descendo gritou
-Laurindo! Oh! Laurindo!
Então vimos uma luz acender-se e uma porta
abril e apareceu um homem magro de bigode que disse:
-Estou aqui Bimba.
Então saímos todos do carro e nos
dirigimos até a casa de pau a pique coberta de lona, isto já era mais de 18h00,
já estava escurecendo.
Bimba então nos apresentou a ele, e disse que
estávamos querendo ver as pedras novamente apesar da falta de Luiz do dia.
Ele nos convidou a entrar em uma espécie
de sala com uma mesa rústica e 4 bancos, entramos e nos assentamos.
O Laurindo apanhando uma bolsa retirou dela uma sacola e
colocou sobre a mesa e disse:
-Eu coloquei mais umas 6 pedras no meio
das que vocês tinham separado, mas são pedras boas iguais as outras.
Derramei a mercadoria na mesa e comecei
a passar a mão sobre elas, pois a luz não dava condições de velas com clareza.
Mas aquela virtude que sempre estou
enaltecendo os garimpeiros da época era a honestidade, se ele disse que era as
pedras podia confiar.
Nós aprendemos uma coisa no manejo de
pedras, quando você gosta de uma o tato que temos com ele nos ajuda a
identificar juntamente com a visão, ali no caso só poderia contar com o tato.
Apanhei a pedra que eu tinha gostado
mais no lote, e vi que era a mesma, então disse que iríamos ficar com elas.
-Você disse que as venderia por Cr$3.000.000,00
(três milhões de cruzeiros), nos vamos ficar com elas.
Mas o Laurindo rindo disse:
-O preço agora é outro, pois coloque
mais pedras no lote!
Isto foi como um balde de água fria no
nosso animo, estávamos contando em comprar o lote pelo valor anterior, agora o preço muda!
Erra só o que faltava. Vir ao garimpo e
voltar de mãos vazias.
-Laurindo! Qual é o preço que você esta
pedindo agora no lote? Espero que não seja muito, pois se não vamos embora sem
negociar.
-O preço é Cr$3.500.000,00 (três milhões
e quinhentos mil cruzeiros) pelo lote.
Mexi novamente no lote separei umas três
pedras, as possíveis que ele tinha colocado, pois era maior que as outras e
disse:
-Esta bem! Nós vamos ficar com elas! Mas
tem um porem. Tenho somente Cr$3.000.000,00 (três milhões de cruzeiros ) no
bolso e precisamos de dinheiro para voltar a Valadares. Posso lhe dar um cheque
de Cr$1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil cruzeiros) para segunda feira e o
restante em dinheiro? Você não precisa nem entrar na fila para sacar o
dinheiro, é só ir até o gerente da Caixa e apresentar o cheque que ele te paga na hora.
-Olha senhor Celso! Eu nunca vendo fiado
e nem recebo cheque, o Bimba sabe disto! Mas ele me falou que o senhor é
honesto e de confiança e todos o admiram lá em Santa Terezinha, pois diz que o
senhor é quem paga melhor, e que seu cheque são pagos pelo gerente sem precisar
entrar na fila. Por isto vou lhe vender esta mercadoria.
Agradeci as palavras dele e a confiança
e lhe dei Cr$2.300.000,00 (dois milhões e trezentos mil cruzeiros) em dinheiro
e mais um cheque no valor de Cr$l.200.000,00 (um milhão e duzentos mil
cruzeiros).
-Você pode ir a caixa segunda feira e
receber o cheque com o gerente.
A resposta foi:
-Não! Eu irei na quarta feira, não estou
preocupado não.
Reuni a mercadoria colocando no saquinho
e nos despedimos saindo de sua casa e nos dirigindo ao carro em quanto o Bimba
ficava conversando com ele.
Logo em seguida o Bimba veio e nos
voltamos para Santa Terezinha, e no
retorno resolvemos não pernoitar na cidade mas voltar à Valadares pois nem
mesmo tínhamos desfeito as bolsas.
Chegamos a Santa Terezinha deixamos o
Bimba em frente ao hotel ouro verde e fomos para casa, lá chegando falamos com
a Iraci que já estava de partida.
- Senhor Celso! Mas eu fritei a carne do
jeito que o senhor gosta, e você nem vão comer dela?
-Não Iraci! Nós vamos jantar e depois
iremos embora.
E assim fizemos, jantamos com ela e as
meninas (pois eu nem vi a cara do Mariano)
nos despedimos e regressamos a Valadares as 20h00m.
Viajamos a noite inteira e parte da manhã
chegando em Valadares as 9h00m da manhã.
Dormi até as 16h00m quando levantei para
almoçar, depois fui até a lapidação ver como estava indo tudo, os rapazes que
trabalhavam comigo estavam fazendo um bom trabalho mesmo na minha ausência.
No outro dia fui a igreja, pois era
domingo e eu tinha que lecionar a classe de homens na Escola Dominical.
Arrumamos a patota Adriana, Renata
,Celso Junior,e eu e Dilma minha esposa
fomos para a igreja como fazíamos sempre aos domingos.
A Dilma e as crianças iam durante a
semana, na quarta feira no estudo
bíblico e sexta de oração, eu só aos domingos pela manhã e a noite.
Na segunda feira eu e o Abner fomos até
a esquina dos pedristas ver se conseguíamos vender as pedras sem lapidar.
Mostramos a uma pessoa que era profundo
conhecedor de pedras e ele avaliou as pedra em US$500,00 (quinhentos dólares)
que em cruzeiros seria CR$2.000.000,00 (dois milhões de cruzeiros),nos tínhamos
comprado por Cr$3.500.000,00 (três milhões e quinhentos mil cruzeiros). Será
que eu tinha errado a compra?
Fomos até outro comprador e ele examinou
a mercadoria e perguntou o preço, e eu disse que era US$6.000,00 (seis mil dólares) o lote
fechado.
-Não! É muito caro, eu pago no lote
US$3.000,00 (três mil dólares ).
-Não! Por este preço eu não vendo; você
tem outra oferta?
Ele disse que não, então agradecemos e
saímos de seu escritório.
Ficamos mais satisfeito, pois a
oferta já quase cobria o custo da compra
e não o custo da compra e da viagem.
Mas como nos cremos que DEUS não desampara os seus servos (como tinha e
continua a nos mostrar o seu amor e controle sobre todas as coisas criadas),
olhamos um para o outro e falamos ao mesmo tempo.
-Vamos lapidar?
Entramos no carro e fomos até a
lapidação do Vagner Quintela (mais conhecido por guinha), um amigo de infância do bairro de Lourdes, e lá chegando
perguntamos se ele poderia lapidar para nos.
-Olha Celso! O lote é muito grande; e eu
iria levar no mínimo umas duas semanas para fazer o serviço.
Sei que você gosta das coisas nos mínimos detalhes. Porque você não me
aluga a lapidação com meus funcionários por duas semanas em quanto isto vou até
a praia curti o sol um pouco, pois estou precisando.
Eu perguntei:
-Quanto você me alugaria tudo?
-Vou alugar tudo por CR$500.000,00
(quinhentos mil cruzeiros).
-Feito! Avise o pessoal que agora eu
estou no comando e as chaves vão ficar comigo, inclusive do seu cofre sem o
segredo é claro.
Acertado todos os detalhes, iniciamos a
formação das pedras.
A primeira pedra foi à maior que eu tinha
identificado à luz na noite lá no garimpo.
Apanhei a pedra e dei ao formador para
serrar, e ela ao serrá-la disse:
-Nossa!
[Eu levei um susto, pois estava distraído conversando com o Abner, então
fui até a banca e perguntei.
-O que houve! Quebrou a pedra?
-Não! É um bamburro!
Esta é uma exclamação muito comum quando algo da certo ou vai dar muito lucro.
-Só esta pedra da para pagar um lote
fechado.
Apesar de ele não saber o preço que
custou às pedras, ele imaginou um valor bem alto somente por aquela pedra.
Apanhei a pedra e examinei e fique
surpreso, pois nem mesmo eu esperava uma surpresa tão grande como aquela.
Mas, após todo o processo de serrar
forma lapidar e tratar, eu não as classifiquei, mas fui até a esquina e mostrei
ao meu vendedor de nome Lezito (Amigo de saudosa memória ) homem crente temente
a DEUS, e ele me disse:
-Me deixaeu mostrar esta mercadoria a
uma pessoa antes de você a classifica?
Entreguei-lhe as pedras e ficamos ali tomando café e batendo
palma em quanto ele saio às presas para mostrar as pedras ao seu comprador.
Passado mais ou menos uns 00h30m ele
voltou com duas pedras separadas e
perguntou:
-Posso vender estas duas pedras
separadas do lote?
-Vender por quanto?
Ele fez um leve sorriso e disse:
-Por Cr$5.000.000,00 (cinco milhões).
Olhei para o Abner que tinha ficado lívido
(pálido) com a noticia e dei um sorriso e disse:
-Pode.
Ele sai imediatamente voltando após uns 00h20m
com o dinheiro em dólares US$1.222,50
(um mil, duzentos e vinte e dois dólares e cinqüenta centavos ).
Chegou entregou-me o dinheiro e não o restante das pedras; separei sua
comissão que era de 5% - US$62,12
(sessenta e dois dólares e doze centavos),
mas eu lhe dei Cr$250,00 (duzentos e cinqüenta cruzeiros), e pedi o restante
das pedras, mas ele me disse:
-Não! Eu vou para Belo Horizonte agora
com elas mostrar a outro freguês. Pode?
- É claro disse eu. Mas antes me diga
para que você vendeu as duas pedras.
Ele deu uma gargalhada e disse:
-Quer ficar com o meu comprador?
-Você sabe que não, pois você e que
vende sempre minhas pedras.
Apanhei as pedras e as contei em sua
presença e lá entreguei. a ele saio
apresado em direção ao seu carro.
Mas, antes ele me disse o nome do
comprador. Vocês estão lembrados da
pessoa que ofereceu US$3.000,00 (três mil dólares) pelo lote bruto?
Pois é, ele e quem comprou as duas pedras por US$1.222,50 (um mil
duzentos e vinte dois dólares e cinqüenta centavos) ou seja, Cr$5.000.000,00
(cinco milhões de cruzeiros), pagou o custo das pedras mais despesas de viagem
mais lapidação e a comissão que ficou em torno de Cr$4.450.000,00 (quatro milhões quatrocentos
e cinqüenta mil cruzeiros) e sobrou ainda Cr$550.000,00 (quinhentos e cinqüenta
mil cruzeiros) a o restante das pedras que era de 224 pedras lapidadas entre
1.5 quilates a 3.7 quilates por pedra.
Passaram dois dias que o nosso vendedor
tinha viajado para Belo Horizonte.
Estávamos tomando café na lanchonete da esquina da Peçanha com
Afonso Pena quando ele chegou e disse:
-Estou procurando vocês desde ontem e
não os encontrava.
Respondi,
-Eu estava em casa em minha lapidação
e o Abner no seu ponto de taxi.
Então ele me mostrou duas pedras
separadas, uma de 3.20 quilates e a outra de 3.5 quilates, e perguntou:
- Achei uma oferta nestas duas pedras em
Belo Horizonte de Cr$3.500.000,00 (três milhões e quintos mil cruzeiros), pode
vender?
Eu respondi que podia vender então ele
me entregou o restante das pedras apanhou
o seu carro e foi vendê-las em Belo Horizonte.
Resolvi procura uma pessoa que estava de
partida para os EUA (estados Unidos da America) para vender pedra, o que ele
sempre fazia,
Estas pessoas são muito queridas é o
Fifi, aquele amigo que me levou para o garimpo da AGUA QUENTE NO ALTO BONITO NO
PARA, e o Geraldo Badaia, o que me ajudou a fazer A BANCA DE INOX PARA FORMAR
PEDRAS, nossa História esta registrada no primeiro volume de O GARIMPEIRO..
- Ola Fifi! Ola Geraldo! Tudo bem?
-Oi! Celso, tudo bem graças ao nosso bom
DEUS.
Responderam os dois.
-Fifi! Fiquei sabendo que você esta indo
para a feira de pedras em Tucson – no
Arizona, é verdade?
-E sim Celso! Eu estou preparando umas
pedras para levar. Por quê?
- É que eu tenho um lote de esmeraldas
muito boas será que você não as quer levar para vender por lá?
-Me deixaeu dar uma olhada nelas.
Apanhei a em meu bolso a cartolina com as pedras e mostrei a ele. Ele
abril e olhou as pedras e vil que eram boas e perguntou:
-Quanto você esta querendo por elas.
- Eu quero vende-las por US$10.000,00
(dez mil dólares).
-Você não vende por menos?
Ai entra o Geraldo Badaia:
-Celso! Porque você não faz um preço
melhor para ele levar e ganhar também, ele já te ajudou muito, agora é sua vez
de ajudá-lo.
-Esta bem! Quanto você acha que devo
pedir?
- Celso deixa ele levar por US$6.000,00
(seis mil dólares) ai ele vende por uns US$10.000,00 (dez mil dólares) e ganha
US$4.000,00 (quatro mil dólares).
Concordei com o valor e ele guardou as
pedras e eu fui para casa.
Tinha
em mãos Cr$8.500.000,00 (oito milhões e quintos mil cruzeiros),
dividimos o valor e ficamos esperando uma resposta do Fifi com as vendas das
pedras.
Passaram mais ou menos uns 15 dias e
recebemos um comando para sacar um valor de Us$2.000,00 (dois mil dólares) que
ele tinha enviado para nos, fomos até a casa de cambio retiramos o dinheiro.
Passando mais uns 5 dias conversando com
outro irmão em CRISTO.
Como éramos muito amigo, eu ele e Abner (ELES
ERAM DA MESMA IGREJA) resolvemos incluir ele
na nossa andanças para o garimpo.
E lá fomos nos comprar mais um pouco de pedras.
Quando estávamos voltando de Santa
Terezinha, ao passarmos próxima a Jaraguá dois policiais fizeram sinal para
pararmos.
Era o Posto Fiscal Estadual de Goiás, paramos o carro e perguntamos o que queriam,
já que eles mesmos não se manifestaram.
Então apareceu um homem saindo de dentro do posto dizendo-se fiscal e
perguntou.
-De onde
você está vindo?
Dirigindo sua fala ao Abner.
Ai o Abner que estava no volante do
carro respondeu.
-De Gurupi!
Gurupi (Cidade do médio Tocantins-Araguaia na
época com 14.622 habitantes e município 25.405 habitantes, hoje pertencente
ao Estado do Tocantins).
-De Gurupi! Com esta placa de Governador
Valadares - Minas Gerais!
-Você esta vindos é do garimpo de Santa
Terezinha.
Em seguida em tom autoritário disse:
-Abra o carro!
Como nos não tínhamos nada a esconder,
já que as pedras que estávamos levando
tinham nota fiscal.
Ai! Deixamos rebuscar dentro do veiculo sem lhe
oferecer ajuda.
Ato continuo, Ele entra no carro e
começou a mexer nos assento, e no porta luvas.
O sol estava escaldante e ele estava
suando e nos do lado de fora conversávamos
com os dois soldados e tomando chimarrão
que tínhamos levado.
Riamos sem nos preocupar, pois ele não
poderia abrir as bolsas sem nossa ordem, e para faz-lo tinha que ter um
mandado, e isto ele não tinha, procurou, procurou até cansar e sair do carro
nervoso.
O nosso amigo Gersino (amigo de saudosa memória) estava com sua bolsa à tira colo, então o
fiscal voltando-se em tom autoritário disse para ele abrir a bolsa.
-Abra esta bolsa.
Eu, como sempre intervir, disse:
-Não! Não! Ele não vai abri bolsa
nenhuma, você não tem autoridade para fazê-lo ele abrir sua bolsa.
Então ele em um rompante de (coronel das tantas) virou para os soldados e
disse-lhes:
- Mande ele abrir a bolsa para eu ver o
que tem dentro.
Mas, antes mesmo de eu dizer alguma
coisa um dos militares lhe respondeu:
-Nos não temos autoridade para mandar
abrir a sua bolsa de mão. E mais, nos estamos aqui para dar cobertura ao senhor na fiscalização, não para dar busca
em ninguém.
Então o Gersino lhe ofereceu o
chimarrão, e ele soltando um impropério (palavrão) voltou para dentro do posto
fiscal, e nos caímos na risada junto com os dois militares.
Despedimos dos militares dizendo que
estávamos levando pedras, mas todas estavam guiadas e como ele não pediu as
guias, entramos no carro e seguimos viagem.
As pedras colocadas bem embaixo do
cambio do carro, um Passat ano 1987 (carro novo e do ano).
Era um local excelente para esconder as
pedras, pois estávamos com medo de ser assaltado (o que estava acontecendo com
freqüência).
Chegando a Valadares, vendemos a
mercadoria e dividimos o valor da compra por três, mas o Gersino disse que não
poderia voltar conosco devido o seu comercio.
Ele era relojoeiro, que não poderia deixar
só o seu comercio nas mãos dos filhos,
já que ele era o autorizado da oriento.
Ai! Resolvi chamar o meu irmão Carlos
Roberto (Beto para os íntimos) para se associar conosco, e ele aceitou e
voltamos a Santa Terezinha para comprarmos mais.
Nessa viagem DEUS nos deu um livramento
tão grande que até hoje sinto arrepios.
Procedemos como das outras vezes,
chegamos, compramos e voltamos.
Até ai não tinha acontecido nada, a não
ser que eu não gosto de viajar a noite e saímos de Santa Terezinha as 19h30m,
eu estava cansado, pois tinha examinado pedra na lâmpada por 2 dias seguidos.
Então disse para o Abner parar em um
hotel para dormir, mas ele argumentou:
-Para pra que? Eu estou acostumado a
dirigir a noite inteira, vamos embora
para chegar mais depressa em Valadares.
Então eu retruquei.
-Não! Vamos para e dormir.
Protestei veementemente, mas ele entrando
no Gama, cidade satélite de Brasília; entro em uma rua e saio novamente no asfalto e
disse:
-Vil! Aqui não tem hotel.
E acelerou fundo o carro.
Logo a frente havia uma bifurcação e ele
não conseguiu fazer a curva e entrou pelo meio das duas pistas em alta
velocidade ultrapassando duas pistas mais o canteiro centra e uma vala indo de
encontro com um abrigo de ônibus todo em concreto armado.
Eu, em um relance vi a nos todo
ensangüentado dentro do veiculo então gritei:
-Senhor JESUS tem misericórdia de nos!
E ele teve. Pois o carro rodou em cima
de uma enorme pedra e nos paramos ao lado do abrigo com a direção voltada para
onde estávamos vindos.
Descemos do carro e nos abraçamos
chorando e oramos a DEUS pelo livramento
que nos dera.
Tivemos um livramento tão grande de não
morrer ali; mas ficamos (2) dois dias e (3) três noites consertando o carro.
Com muita dificuldade conseguimos com
ajuda de alguns curiosos retiramos o carro de sobre a pedra e seguimos viagem
até próximo a Cristalina.
Cristalina é uma cidade pertencente a região de desenvolvimento do
distrito federal e entorno.
Com uma população de 45.680 habitantes
(IBGE 2010), fica a sudeste da capital do Brasil em uma distancia de 131
quilômetros por tanto município.
A altitude em relação ao nível do mar e
de 1.189 metros.
No final dos anos 1970 sua principal
atividade era a extração de cristal de rocha, o que envolvia toda a sua
população; hoje vivendo da pecuária.
Antes de chegarmos a Cristalina mais ou
menos uns 120 quilômetros o carro (pifou), isto é deu sinais que tinha algo
errado.
Paramos no acostamento e fomos
verificar. Era as juntas almocineticas das rodas dianteira que tinham ficado
totalmente danifica e paralisando as rodas.
Era mais de 21h30m da noite, em pleno
sertão do planalto goiano.
Que poderia parar nesta situação?
Ninguém para! Mas, sai do carro e me distanciei alguns metros e fiquei em pé no
escuro à beira do asfalto, ai começaram a parar carros e a perguntar em que poderia
ajudar o irmão.
ERAM MAÇONS QUE PASSAVAM PELO LOCAL.
Contei o ocorrido, e um dos motoristas disse.
-Fique tranqüilo irmão que o socorro logo vira.
Entrando
em seu carro foi até o posto da Policia Rodoviária e logo chegou o guincho com
dois patrulheiros que era maçons e nos socorreram.
Chegaram e me cumprimentaram
cordialmente e em seguida subiram o carro no reboque e disse para entrarmos na
viatura.
Eles nos levaram para o hotel à beira da estrada na entrada de Cristalina,
e o carro para a oficina (não entrarei em detalhes, mas quem ler este livro e
conhecer o fato, logo saberá como agi).
Ficamos hospedados até o dia seguinte,
quando fomos à oficina a noticia era que tínhamos que comprar as juntas
almocineticas e mais algumas peças, e, que em Cristalina não tinha; somente na
cidade do Gama próximo a Brasília tinha loja de peças para carro.
Ficamos eu e o meu irmão na oficina, em
quanto o Abner embarcou em um ônibus e foi atrás das peças.
Isto durou até as 16h00m da tarde quando
chegou.
Levando as peças à oficina o mecânico disse
que somente no outro dia ali pelas 15h30m o carro ficaria pronto.
Saímos da oficina e levamos o Abner para
almoçar, já que ele não tinha comido nada como ele mesmo disse.
Tudo pronto no carro saímos do hotel em
Cristalina as 8h00m manhã e chegamos a Governador Valadares as 17h30m cansado e
mal humorado devido a tanto contratempo provocado por um simples ( NÃO PARAR
PARA DORMIR).
Como eu tinha dito que não ajudaria a
consertar o carro (devido a teimosia do Abner), ficou certo mal estar entre-nos,
quando chegou o restante do dinheiro das pedras que o Fifi tinha sido levada
para o exterior fomos acerta as contas e resolvemos cindir a sociedade, ele
recebeu sua parte que foi de US$5.160,00 (cinco mil cento e sessenta dólares).
Creio eu que foi muito bom para ele,
pois em 70 dias ele faturou US$4.160,00 (quanto mil cento e sessenta dólares) o
que o levou a comprar 2 carros novos e colocar na praça (taxi).
Hoje continuamos a ser amigo muito
chegado alem de sermos irmãos em CRISTO JESUS
Parte VI
Nova sociedade, novo fracasso
Dizem que é melhor só do que mal
acompanhado, e realmente é verdade. Apesar da pessoa que se prontificou a ser
meu sócio é uma pessoa honesta e integra, mas, um tanto afoita para ganhar
dinheiro.
Sabendo que eu tinha acabado com a
sociedade com Abner; ele me procurou dizendo que dispunha de um capital maior e
que o seu primo que morava no exterior poderia bancar mais se fosse necessário.
Então fizemos um acordo, ou seja, uma
sociedade em que eu, somente eu conhecia de pedra e nenhum dos dois tinha
qualquer conhecimento.
- Vocês entrarão com o carro e as
despesas e 70% do capital, eu entro com o conhecimento (comprar, formar, lapidar,
tratar e vender) e mais 30% de capital
para perfazer um total 100%, na divisão do lucro vocês ficarão com 60% e eu com
40%.
Eles toparam imediatamente, a partir daí
iniciamos os preparativos para a viagem até Santa Terezinha.
Viajando em uma quarta feiras as 4h00m manhã,
fazendo o mesmo trajeto de costume, parando para almoçar na cidade de Três
Maria ao lado do rio São Francisco.
Paramos e entramos no restaurante do
qual eu já era freguês assíduo e pedimos
peixe grelhado com arroz branco e salada.
Ao terminar a refeição o Dianor (nome fictício, pois o mesmo não
autorizou colocar o seu nome) misturou o arroz restante com as espinhas do
peixe e salada, então eu perguntei:
-Porque você esta fazendo isto?
A resposta foi simples e direta.
-É para que não sirva para outro cliente
o arroz que sobrou, e nos já pagamos.
Não gostei da atitude, pois ele era
pessoa de posse (rico) com loja e fazenda no município de Governador Valadares,
mas demonstrou uma mesquinhez impressionante (a meu ver), mas, afinal o erro erra
dele e não meu, e, já tinha feito!
Ele pagou a conta e fomos embora
chegando a Santa Terezinha as 20h00m.
As meninas já estavam dormindo somente a
Iraci e o Mariano estava acordado vendo televisão.
Descemos do carro e entramos na casa, e
eu apresentei o Dianor aos dois, e a
Iraci disse:
-Senhor Celso! Demoraram muito desta
vez, nos estávamos preocupados, e as meninas sempre perguntavam pelo Tio Celso.
Respondi que estava aguardando uma a
remessa de dinheiro que tinha que vir do exterior, em seguida eu perguntei pelas crianças.
-Já estão dormindo, elas dormem muito
cedo como o senhor sabe.
Nós alojamos e fomos dormir, pois estávamos
bem cansados da viagem, já que não tínhamos dormido em Jaraguá.
No dia seguinte notei que o café estava
meio fraco, tinha biscoito e não pão, isto me alertou um pouco.
Após o café chamei o Dianor e fomos
fazer compras de supermercado, e no caminho eu explique a ele como nos agíamos
na casa.
-Ficávamos alojado com todo o conforto
mas as despesas correria sempre por nossa conta.
As compras que fizemos deveriam durar
uns 60 dias, fiz isto precavendo de uma possível demora, ou até que algum do
companheiro viesse fazer compra de pedras em Santa Terezinha.
Como eu tinha demorado mais ou menos uns
15 dias os vendedores não estavam sabendo de minha chegada que era semanal,
naquele dia eu não comprei nada.
A pessoa que fazia a ligação minha com
os vendedores estava se recuperando de um tiroteio que tinha acontecido na feira
do rato, e, ele tinha recebido 3 tiros.
A história apesar de ser trágica não
deixava de ser cômica, pois aconteceu assim conforme relato de sua esposa por
telefone quando me pediu ajuda para pagar o hospital.
Tudo aconteceu com dois baianos que
discutiram por causa de mulher e um dele indo à sua casa apanhou dois revolveres e começou a atirar no
outro dentro à multidão que corriam para todos os lados querendo sair da linha
de tiro.
Foram 12 disparos e este amigo recebeu
um na barriga outro na perna e outro no ombro direito, levando-o quase a morte.
Pelos relatos que eu fiquei sabendo, em
uma janela que passava mal, mal uma
pessoa passaram dois; até dentro do congelador de um bar tinha gente escondida,
sendo que o saldo foram 2 mortos e este amigo ferido.
Então perguntei a Iraci como ocorreu
tudo e ela me disse que era por ciúmes que tinha ocorrido o tiroteio.
Neste meio tempo as meninas levantaram e
vieram para junto de nos e eu as recebi com uns pacotes de guloseimas e algumas
bonecas e foi uma farra só.
A Iraci reclamou que o Mariano
continuava a jogar e que não trazia nada para casa só vinha em casa para dormir
e comer. Eu não podia fazer nada nem mesmo diminuir as compras por causa da Iraci e as meninas.
-E o leiteiro continua entregando o
leite das meninas?
-Não! Ele parou de entregar a semana passada,
disse que o senhor estava demorando e ele não poderia continuar a fornecer sem
saber se iria receber.
-Quando ele passar fale que quero
conversar com ele novamente.
Mais tarde ele passou e eu pague o que
estava devendo e disse que ele poderia continuar a entregar o leite que eu
pagaria, paguei mais duas semanas adiantado
e disse a Iraci para continua
apanhar o leite; era difícil dar-lhe dinheiro pois ela não aceitava!
Consegui por 3 vezes entregar uma das
meninas quando estava dentro do carro e estava indo embora. Mas desta vês ela não deixou as meninas irem aperto do
carro quando nos fomos embora, então eu enrolei o dinheiro em uma pedrinha e
quando passamos na porta da casa eu gritei para ela gastar tudo e joguei o
dinheiro em sua direção e fomos embora.
Teve umas vezes que na minha volta ela
queria devolver o dinheiro que não tinha gastado, mas eu não aceitei e disse:
-Compre roupas para as meninas, mas não
deixe o Mariano ver nem a cor do dinheiro, eu não vou tratar com dinheiro a
pessoa que não tem responsabilidade com sua família.
Mas, voltando a compras, no outro dia o
pessoal que tinha me visto fazer compra para a casa avisou os vendedores de
pedras e eles apareceram, e eu consegui comprar por (3) três dias seguidos.
Voltamos a Valadares preparamos as pedras
e as vendemos e voltamos daí a (2) dois
dias a Santa Terezinha.
Nessa viagem fizemos as compra como de
costume, mas sobrou um pouco de dinheiro e o meu sacio que tinha uma loja que
vendia peças de ouro me perguntou.
-Celso é difícil comprar ouro nesta
região?
-Não! Não é difícil, pois próximo daqui
existe um centro de garimpagem de ouro. Porque você que compra ouro?
Ai ele me disse.
-Olha! Nos já compramos uma boa
quantidade de pedras e ainda temos
dinheiro, você não acha que seria bom levar algumas gramas de ouro também?
Resolvemos ir até Crixás, uma cidade
próxima a Santa Terezinha e procura a associação dos garimpeiros de ouro e
comprar um pouco.
Lá chegando procuramos a associação e
perguntamos que poderia ter ouro disponível para vender, então um dos
associados me disse:
-Eu tenho 1 quilo de ouro em pó, se
vocês interessar eu posso vender, pois já pague a minha cota a associação e
este ouro esta sobrando.
Conversamos, vimos o preço, e interessamos
então ele nos levou até um bar e nos mostrou o ouro, colocamos o produto dentro
do nosso carro e fomos contar o dinheiro, o preço era de Cr$11.000.000,00 (onze
milhões de cruzeiros) o quilo.
Apanhei a bolsa e retirei 11 pacotes de
Cr$1.000.000,00 (um milhão de cruzeiros) e ele iniciou a contagem, e convidou
um amigo dele para ajudar a conferir o dinheiro, antes de terminar o dito amigo
saio e foi embora, nisto ele falou:
-Esta faltando Cr$1.000.000,00 (um
milhão de cruzeiros).
-Não! Eu contei 11 pacotes e te
entregue.
Então ele disse:
-Foi o fulano que roubou.
Então eu não discuti, mas apanhei a
bolsa e repus o que faltava (FALTAVA?).
Então ele disse:
-Eu sei onde é o garimpo dele, vamos lá,
eu vou provar que foi ele que roubou você.
O meu sócio disse:
-Vamos.
Ai eu disse:
-Onde esta o seu carro? Vai lá apanhá-lo
que nos vamos esperar aqui.
Quando ele sai, eu entrei no carro e
disse para o Dianor:
-Entre logo no carro.
E sai em disparada para Santa Terezinha;
vendo isto o Dianor disse:
-Nos não vamos espera ele para irmos atrás do cara?
Então eu respondi:
- Não! Vamo-nos embora, pois ele sabe
que temos muita pedra no carro, além do ouro que compramos e dinheiro na bolsa.
Você não percebeu que é uma armação para nos roubar e até matar.
Chegamos a Santa Terezinha arrumamos
nossa bagagem colocamos no carro despedimos e só fui para tomar um fôlego
próximo Anápolis, após fazer vários
desvios nas estradas vicinais após sair de Santa Terezinha, pois todos sabiam a
nossa rota.
Fui até próximo a coluna de Goiás,
depois tomei outra estrada e sai em Hidrolina e entramos no asfalto.
Esta foi uma forma de despistar alguém
se por acaso nos estive seguindo.
A palavra de DEUS diz que devemos ser simples como a pomba, mas
prudente como a serpente, eu sou um conhecedor de muitas artimanhas nesta
vida, e iria cai nesta?
E foi o que fiz apesar de ter perdido
Cr$1.000.000,00 (um milhão de cruzeiros).
-Após este acontecimento não mais voltei
a Crixás em busca de ouro.
Chegamos a Governador Valadares vendemos
parte do ouro e o restante o meu sócio ficou com ele já que tinha uma ourivesaria
e fabricava jóias.
Na terceira viagem que fizemos começaram
as divergências, era eu que entendia de pedras, comprava, serrava, lapidava, tratava e vendia, ma ele
achou que erra o entendido.
Compramos um lote muito bom por
Cr$20.000.000,00 (vinte milhões de cruzeiros), e eu as preparei muito bem, pois
tinha pedras grandes que poderiam ser vendidas por um preço melhor.
No Rio de Janeiro morava um dos donos da
casa em Santa Terezinha, e ele me disse que se eu tivesse pedras grandes e boas
(extras) era para levar para ele que as compraria por um bom preço.
Compramos as passagens de ônibus e lá fomo-nos.
Preocupado com assalto fui de paletó e
coloquei as pedras no bolso interno (talvez,
você possa imaginar colocar um valor tão alto no bolso de um paletó; eram
300 quilates de pedras lapidadas ou 60 gramas).
Chegando ao Rio de Janeiro às 8h00m da
manhã desembarcamos, lavamos o rosto
fazendo a higiene matinal, oramos e depois tomamos café reforçado e fomos para
o escritório do meu amigo.
Ao chegar à recepção me apresente e
falamos que queríamos falar com o Vanderlei Quintela (pessoa de saudosa
memória) Cantor e compositor; um amigão.
Imediatamente fomos recebidos por ele.
Nós cumprimentamos abraçando um ao
outro, e eu apresente o meu sócio, conversamos sobre as famílias ele perguntou
pela minha esposa Dilma e pelos meus filhos, eu disse que estavam Bem;
éramos amigo de infância meu e de
minha esposa.
Após tomarmos um suco de laranja ele
perguntou para mim?
-E ai Celso, ainda comprando em Santa
Terezinha? E a Iraci e o Mariano estão bem?
Responde
em ambos o caso que estava comprando e que a família do Mariano estava
bem.
-E as meninas cresceram mais?
-Sim.
Disse eu.
-Cresceram e estão lindas, e me chamam
de tio Celso, mas o seu pai esta enfurnado no jogo como me disse a
Iraci.
-Aquilo é um caso perdido.
Disse ele.
-Mas o que traz você por estas bandas?
Tem alguma boa para mim?
- Sim! Tenho um lote extra, com pedras
grandes e um cromo muito bom.
Retirei o pacote do bolso e entreguei
para ele, que o despejou em cima de uma
cartolina branda e disse:
-É verdade! Um lote bom vai servi para
um cliente milionário de Ney York, que deve chegar aqui no Rio segunda feira.
E
perguntou em tom zombeteiro.
-Mas qual o preço desta mercadoria? Não
vai me explorar em?
Ai! Eu disse com toda sinceridade.
-Você sabe que o meu preço é compatível
à mercadoria, nunca mais nem menos, mas o que realmente vale.
-Quantos quilates têm aqui, e qual é o
preço?
-Ai tem 300 quilates, e o preço é
US$40.000,00 (quarenta mil dólares).
-Não! Este preço eu não pago, eu lhe dou
Cr$80.000.000,00 (oitenta milhões de cruzeiros) ou US$20.000,00 (vinte mil
dólares) em espécimes pois nem todas as pedras são grandes! Pouca mas tem.
-Não! Por este preço eu não posso vender
o que possa fazer e vender a você por Cr$100.000.000,00 (cem milhões de
cruzeiros) ou US$25.000,00 (vinte cinco
mil dólares).
Ai! Chegou o ponto da separação da
sociedade com o Dianor, quando ele ouviu o valor oferecido, levantou depressa e
disse:
-Sei que o Celso não vai gostar, mas
está feito o negocio.
Antes mesmo de eu esboçar qualquer
reação o Vanderlei guardou as pedras no cofre e perguntou:
-Vocês querem em cruzeiro ou em dólar?
Eu esperei a resposta do Dianor, mas ele
não falou nada, então eu disse:
-Como vou levar este dinheiro daqui do
Rio? Você me de um cheque ao portador que é mais seguro.
Ele com um sorriso de vitória nos lábios
preencheu cheque e me entregou.
Despedimos dele e fomos diretamente ao
terminal de ônibus, quando lá chegamos o Dianor disse:
- Você não gostou do que eu fiz, não
foi?
-Olha Dianor, eu é que compro e preparo
a mercadoria, eu e que seu por quanto deve ser vendida, nos acabamos de perder
Cr$20.000.000,00 (vinte milhões de cruzeiros) este valor foi o que custou a
mercadoria, os Cr$80.000.000,00 (oitenta milhões de cruzeiros) seria o lucro,
vejo que você não confia em mim, por isto quando chegarmos em Valadares
acertaremos as contas e fica desfeita a sociedade.
Parte
VII
O fim da LAPIDAÇÃO LANES & LANES
Assim findou-se a segunda sociedade,
continuamos amigos, mas negociar junto nunca mais.
Eu porem continue a comprar em Santa
Terezinha junto com meu irmão que era sócio na Lapidação Lanes & Lanes Ltda.
Até o dia em que caímos na esparrela do governo Collor de Melo que baixando os
juros dava a todas as condições de trabalhar.
Certo Gerente de um Banco do governo,
vendo os juros tão baixos e precisando colocar-se em uma posição melhor
ofereceu-nos uma importância de CR$200.000.000,00 (duzentos milhões de cruzeiros)
a juros de 1% ao mês.
Devido os negócios estar bom, aceitamos o
valor,e, nos comprometendo pagar em 5
vezes o montante mais juros de 1% ao mês.
Apanhamos o dinheiro e fomos para o
garimpo comprar esmeraldas, fizemos uma compra extraordinária, pedras boas de
bom tamanho e cor excelente.
Tudo indicava que pagaríamos o capital
na primeira compra, mas foi engano, lapidamos as pedras colocamos na cartolina
e partimos para vendê-las.
Ninguém estava comprando, pois os juros
de repente começaram a subir e todos resolveram vender até casa e colocar na
poupança, pois com o (impeachment) do
presidente Collor de Melo, assume outro
(que não gosto nem de pronunciar o nome) e os juros foram a loucura.
Venceu a primeira prestação, nos pagamos
com juros de 3%, passando mais 30 dias venceu nova prestação com juros de 26%
nos pagamos; passado mais trinta dias venceu a terceira com juros acima do
patamar de 80% ai foi impossível pagar.
Ai então teve que recorremos ao banco do qual éramos devedores,
mas o gerente já era outro, conversamos com ele e renegociamos a divida.
Passado uns 20 dias voltamos ao banco
para saber se a renegociação tinha sido aceita.
A noticia que tivemos era que o gerente
tinha sido preso por esta enganando os clientes, fazendo proposta que não se
concretizaria ( e nos ficamos sem saber o que fazer).
Com a terceira parcela vencida recebemos
comunicação do cartório de protesto para
resgatar o titulo como não tínhamos condições venceu a quarta e ele nos
executou.
O cofre estava cheio de mercadoria,
Esmeraldas lapidadas e brutas, Água Marinha bruta, Ametista bruta, Topázio
lapidado.
Voltamos novamente aos credores (neste
caso advogados representantes do banco) oferecemos bem de penhora, mas nada,
ele queria era o dinheiro (regatar os títulos que já tinha vencido a quinta
parcela) em um montante Cr$140.000.000,00 (cento e quarenta milhões de
cruzeiros) as três parcelas.
Passado mais um mês após todas estas
agonia apareceu em minha casa um Oficial de Justiça com um mandato de Penhora e arresto de bens.
Levei o até a lapidação e apresente-lhe
todos os bens que tinha e ele listou todas as pedras pesando cada uma delas.
Listou também as banca de lapidação
serra e forma.
Não parou ai! Também indo a minha casa
seqüestrou os móveis, só não levou o
fogão e vasilhas, mas cama, mesa com cadeiras, televisão, geladeira, armários,
sofá, guarda roupa etc.,
Colocou tudo no caminhão e os levou me dando um recibo e dizendo para
eu ir ao cartório daí a três dias para saber se os bens seqüestrados davam para
pagar a divida.
Passado estes dias me dirigi ao cartório
e eles me deram a avaliação dos bens penhorados
que após ser avaliado por peritos (gemo logos e pedristas) de Belo
Horizonte; constataram que o valor das pedras superava em muito o valor
da divida (entre móveis e pedras o laudo
foi que o valor era de Cr$1.000.000.000,00 (um bilhão de cruzeiros), dinheiro
este que nunca mais vi a cor.
O advogado, irmão de igreja resolveu
entrar na briga a meu favor, e foi até ao cartório e depois á promotoria
pública, na tentativa de reaver parte
dos bens seqüestrado.
A resposta que recebeu era que o banco
iria ver se havia possibilidade de devolução após resgatar (pagar) o valor
devido.
O que nunca aconteceu, pelo contrario
recebi foi uma cobrança de Cr$5,00 (cinco cruzeiros ) que estava devendo ao
banco já que o valor da venda dos bens
seqüestrado não deu para pagar a divida.
Resultado, tudo que tínhamos adquirido
ao longo de anos de luta foi Por água abaixo no bolso dos grandes.
Destruíram todos os nossos sonhos que
até hoje não conseguimos erguer financeiramente.
Mas DEUS é misericordioso com seus
servos continuei minha luta, criei minha família aos pés de JESUS, hoje viúvo,
mas com uma família maravilhosa que sempre me dão alegria.
Fim do II volume.
Este livro contem
18.408 palavras
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